Capítulo 25

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Jogado ao suplício

Ignestans

Por: John Kviatkoski


Kasyade caminha ao meu lado, desprovido de sua imponência, seguindo moderadamente cambaleante. Estamos andando o mais rápido que nos é possível, voltando pelo caminho onde Kasyade passou para chegar até onde o encontrei. As ruas estão praticamente vazias, vê-se algum carro uma vez ou outra.

— Por ali — Kasyade aponta para a rua que está a nossa direita, depois que chegamos em um cruzamento.

Sinto-me duplamente em perigo. Posso ser atacado a qualquer momento pelos capangas de Sangsue e também existe a possibilidade de Kasyade fazer parte de seu grupo. Segundo ele, Sangsue estava em pedaços em uma floresta...

Paro subitamente. Percebo a presença de criaturas ao nosso redor. Do mesmo modo, Kasyade deixa de caminhar e prende a respiração, também sentiu. Não consigo localizá-los com precisão, mas não estão longe. Só ouço o movimento das folhas nas árvores, o fraco chacoalhar de uma velha placa de trânsito pelo vento e o canto de um grilo.

Sem tempo para qualquer reação, ouço um estalido atrás de mim e logo um forte impacto em minhas costas que me atira muito à frente. Antes de me chocar contra o chão, estendo os braços instintivamente como forma de proteção. Sinto o asfalto áspero corroer minha pele até, finalmente, parar de bruços no solo. Levanto-me. Olho minhas mãos, estão em carne viva, já não se encontra pele em sua palma.

A alguns poucos metros de mim, Kasyade ainda está se levantando, foi igualmente atingido. No lugar onde estávamos, vê-se duas grandes figuras aladas. As asas negras graciosamente se retraem, deixando visíveis as outras quatro criaturas que estão às suas costas. Dessa vez são todos desconhecidos para mim, nunca os encontrei antes.

Seis contra dois; um lugar repleto de humanos; um possível traidor. Hoje pode ser o meu fim. A metade são demônios e a outra, vampiros, e percebo que esses já estão armados com suas adagas.

Kasyade abre suas asas que o impulsionam a cima e o vejo levantar sua arma, mas antes de conseguir identificar o objeto que segurava, eu passo a vê-lo como um borrão que desce às criaturas. Não me demoro e corro em sua direção, impunhando uma espada curta que acaba de se materializar em minhas mãos. Uma arma prática e confortável que uso desde as guerras mais remotas.

Impressiono-me ao ver Kasyade defendendo-se de três ao mesmo tempo, mesmo todo ferido.

Um demônio surge a minha frente, negro e alto, com tatuagens por todo o corpo, vestindo um terno preto imundo. Segura uma espécie de lança, com uma lâmina em sua ponta.

— Olha só quem está aqui! — grita e me ataca. Jogo meu corpo para trás, por pouco não arranca minha cabeça. Volto a posição original e giro a espada em direção a sua barriga. Ele se defende com sua haste que vibra com o impacto. Sua arma é muito longa, é difícil para ele me atacar a curta distância, então tento me manter o mais próximo possível.

Ao me movimentar para um novo ataque, sinto uma forte dor na coxa. Fui atacado por um dos vampiros. Desequilibro-me e vejo a lâmina do demônio brilhar próximo aos meus olhos ao passo que o vampiro se prepara para o próximo golpe. Não posso me defender de dois ataques simultâneos.

— FILHO DA PUTA! — Ouço o grito de Kasyade. Algo acerta o demônio que cai para trás, fugindo do meu campo de visão. Seguro o pulso do vampiro antes que possa penetrar a minha garganta com sua adaga.

Ele é pálido, com um cabelo negro jogado sobre o rosto. Sua boca sangra e está mordendo os lábios com ferocidade. Consigo jogá-lo para o lado. Sem perder tempo me viro para atrás com a espada, acertando o pescoço de outro vampiro que havia pulado para me atacar. Não espero sua queda e já me viro novamente para me defender do vampiro que tinha derrubado.

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