A Fortaleza Vermelha

Capítulo 22: Voltando às sombras

Por John Kviatkoski

Ignestans

Agora a situação está se movendo a meu favor. Precisamos encontrar Sangsue. Eu preciso encontrar Sangsue. Por que Dmitri não tem informações sobre ele? Quem é a pessoa que foi transformada em vampiro pelas suas presas? Ela tem alguma importância nisso tudo? Eu tenho certeza que sim. Sinto isso. Ela foi usada para algo maior. Não faz sentido Sangsue ser subordinado de Dmitri e ainda ter seu próprio grupo para comandar. Digo isso para eles e o lobo concorda comigo.

— Exato. Podemos não saber o motivo, apesar que todos tem diversos motivos para querer seu pai morto e destruído. Mas de uma coisa podemos ter certeza: seu pai foi atrás de Ismael. Pode ser que meu pai e eles, estejam juntos agora.

— Ou mortos – digo e deito-me na cama de Kira.

Kira e Wolf continuam a conversar, mas já não os escuto. Todos são problemas, então se estiverem mortos: menos problemas. É certo que Dmitri está atrás de Sangsue, agora todos estamos. É a pista mais próxima que temos. Que tenho.

Levo meu olhar à janela, onde vejo o céu negro que há lá fora. Fecho os olhos e esfrego o rosto com as mãos, como se assim eu pudesse retirar todo o meu cansaço mental. Ouço-os falando sobre a noite de hoje e o que teremos de fazer.

— Hoje será uma noite daquelas, não é? – digo e levanto-me, interrompendo sua conversa. – Então, não podemos perder tempo, aproveitaremos essa noite. Iremos atrás de Sangsue.

Wolf me encara com a testa franzida.

— Muito autoritário. Mas acabamos de decidir isso – diz.

— Perdão, eu não estava ouvindo – respondo sem desviar o olhar.

— Poderiam parar com isso, por favor? – avisa-nos Kira, que se encontra ao lado de Wolf, folheando a caderneta, em busca dos números. Em busca das coordenadas.

Enquanto isso, tiro meu celular do bolso e logo abro o aplicativo para a pesquisa do local.

— Aqui está – diz Kira, mostrando-me a caderneta.

Copio os números e espero o resultado. Como sabíamos, era por aqui. Vou nas configurações e ativo a visualização por satélite. Vejo várias casas e ruas vistas de cima. A residência que buscamos não parece nada incomum, é apenas mais uma entre as demais.

— Fica a cinquenta minutos daqui, segundo o aplicativo – e guardo o celular no bolso. Não precisarei verificar o endereço tão cedo, a imagem das ruas e seus nomes estão fixos em minha mente.

— Wolf, poderia levar a caixa? Obrigado – vejo-a guardar a caderneta no casaco.

Percorremos o mesmo caminho da vez anterior. Chegamos nas escadas, mas não há nenhum capanga para nos impedir agora. Mas todos nos olham quando passam por nós. Ao descermos, vemos surgir a nossa frente o mesmo vampiro de anteriormente. Aproxima-se de nós, andando tranquilamente, mirando Kira e ignorando a existência minha e de Wolf. Esse vampiro me traz quase a mesma raiva que tenho do maldito lobo.

— Olá, Nikolai – ouço Kira dizer.

— Então...? O que planeja agora? Qual a próxima aventura? Esperançosa. Mas não conseguirá nada.

— Eu que estou no comando aqui, não é assim que deveria ser?

— Seu pai a quer segura, querida. Todos queremos. – Seus lábios formam um amável sorriso.

— Já estou segura, não se preocupe. Já falamos disso ontem. – Kira passa a mão em seu ombro. – Agora, nos dê licença. Ah, obrigado, já conhecemos o caminho.