Capítulo 28 - O Lúgubre Cárcere

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Ignestans

Por: John Kviatkoski

Saímos das masmorras com o máximo de cuidado possível — o que não foi muito — para não sermos vistos por ninguém. Não foi uma tarefa fácil, pois o fogo também era nosso inimigo e havia muitos capangas apressados seguindo em direção ao incêndio a fim de cessá-lo. Nos encontramos na parte principal da Fortaleza, da qual já conhecemos, sujos pelas cinzas e pelo sangue do torturado. Sem pensar muito, vamos direto para o quarto de Kira, ignorando os olhares de estranheza dos subordinados que víamos pelo caminho. Aqui não era necessário se esconder.

— Ela não está aqui. Parece que ainda não voltou — digo, abrindo a porta do banheiro e olhando atentamente o quarto.

— Ou está em outro lugar — completa o lobo. — Vamos!

Saímos do quarto, passando pelos corredores enquanto a procuramos por todos os lados. Minha cabeça está a todo vapor, pensando em toda informação que conseguimos com o vampiro torturado. É alguém ligado a algum subordinado de Dmitri? Quem seria? Poderia ser qualquer um da centena que há.

Paramos abruptamente ao notar a presença de Nikolai no final de um corredor, com meia dúzia de capangas às suas costas.

— Onde está Kira? Aonde ela foi? — pergunta o lobo, sem demora.

— Boa noite, rapazes — saúda o vampiro, com sua expressão habitual que tanto me irrita. — Onde estavam todo esse tempo? Kira não está na Fortaleza.

Wolf para e continua a fitar Nikolai. Paro um pouco a frente, já imaginando o porquê da ausência.

— Foi levada para depor — prossegue Nikolai.

— E o que vocês fizeram quanto a isso? — pergunto.

Nikolai nos encara com uma falsa surpresa, com as sobrancelhas levemente erguidas.

— E o que poderíamos fazer? Eles queriam saber onde Dmitri estava. Pensem. Kira é a sucessora desse clã, devia saber algo sobre o paradeiro do próprio pai. Após dizer isso, a levaram.

Wolf parece confuso e eu me encontro em igual estado.

— O que quer dizer, seu desgraçado? — Wolf segue com sua caminhada até o vampiro, sem desviar o olhar.

— Desculpe, graças a mim estão sem sua princesa. Olha, eu realmente lamento. — O sarcasmo está marcado em seu sorriso nojento.

Percebo os passos rápidos de Wolf e em seguida ouço o estalo de seu punho contra o rosto perfeito de Nikolai, que cambaleia para o lado. Antes de voltar ao equilíbrio, dou-lhe um chute no meio do peito, fazendo-o cair no chão de vez. Wolf caí para cima dele, desferindo socos por toda parte. Apesar de não estar transformado, vejo sua expressão feroz. O vampiro inutilmente coloca seus braços a frente do rosto.

Os capangas disparam a frente para apartar a briga. De uma estante próxima, pego um pesado vaso e arremesso contra os capangas. Milhares de dólares quebrando na cabeça dos vampiros. Três deles tentam arrancar Wolf de cima de Nikolai, mas não conseguem mover o monstro. Do chão, apanho um pedaço afiado do que antes era um vaso e enfio no pescoço do capanga mais próximo. Mais alguns surgem de cada lado do corredor. Não consigo me defender de todos que me atacam. Minha espada se materializa em minha mão e a lanço em direção a um vampiro, decepando todo seu braço esquerdo. Mas esse foi o único golpe que consegui com a espada, que agora vejo caída no chão. Estou totalmente imobilizado pelos demônios e vejo Wolf no chão, sendo segurado por outros capangas.

Nikolai levanta do chão com dificuldade, limpa o rosto destruído em sua camisa e cospe sangue no chão. Percebo que os machucados mais superficiais já estão cicatrizando.

A Fortaleza VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora