Capítulo 1

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O despertador toca, são 6:30 da manhã e eu só quero mais cinco minutinhos de sono. Bato o dedo no rádio relógio e viro para o outro lado, me arrependendo, quarenta minutos depois. Acordo assustada, atrasada para o meu primeiro dia de trabalho na Roriz InterCorper, uma multinacional na área da sustentabilidade.

Serei secretária executiva, vou trabalhar diretamente com o bambambam da empresa, o dono de tudo, o rei do império Roriz.

E o que? Tô atrasada para o meu primeiro dia. Que maravilha!

Me arrumo correndo e já estou dentro do Uber, mas com esse trânsito caótico do Rio, vou chegar muito atrasada.

- Moço, o mais rápido possível, por favor. - peço ao motorista.

- Vou tentar, senhorita, mas a coisa ta pesada hoje.

- Ai, Senhor Jesus Cristo, será que vou perder o emprego sem nem ter começado?

- Vai trabalhar onde, moça?

- Na Roriz InterCorper.

- Vixi!

- Vixi? Vixi o que, moço?

- Não quero te assustar, mas minha esposa trabalhou lá e falou que o seu Cristiano, dono daquilo tudo é bastante exigente sistemático.

- Moço, assim você tá me deixando ainda mais nervosa. Eu vou trabalhar diretamente com ele, vou ser secretária executiva.

- Sério? Minha esposa foi secretária dele, pediu demissão por não aguentar. Disse que ele é muito chato, chega a ser grosso. Ela conta que ele se acha, por ser dono de tudo ali, que é arrogante e cheio de si.

- Olha, moço, ajudou bastante, viu? Muito obrigada!

Passei o resto do caminho suando frio. Com certeza vou perder o emprego.

- Chegamos moça. - fala, parando em frente ao prédio imponente da Roriz InterCorper.

- Obrigada, moço. - falo, o entregando o valor da corrida.

- Magina! Boa sorte aí.

- Obrigada!

Desço e me deparo com vinte andares espelhados, com uma entrada luxuosa. Já dentro, uma recepção clean, toda em tons claros e um letreiro charmoso com o nome da empresa. Sinto meu coração acelerar mais que carro de fórmula 1 e um frio na barriga me atormenta. Respiro fundo e passando pela recepção, pego o crachá, por enquanto, de visitante e entro no elevador, rumo ao vigésimo andar.

Assim que as portas se abrem, fico ainda mais nervosa, se é que é possível. Sou recebida por uma moça bonita, loira, que aparenta ter mais ou menos minha idade.

- Bom dia! - me cumprimenta com um sorriso amigável.

- Bom dia! É… Eu sou a nova secretária executiva do senhor Cristiano.

- Seu nome?

- Luana.

- Bem vinda, Luana. Me chamo Olívia e tenho que te dizer que você tem muita sorte.

Eu tenho muita sorte? Será que ela percebeu que eu cheguei MUITO atrasada?

- Tenho? - pergunto, confusa.

- Tem, sim. Bom, acredito que você teve seus motivos para chegar atrasada e se o senhor Cristiano estivesse na empresa, você nem começaria o dia de trabalho.

- Ai, Olívia, por favor, eu perdi a hora e esse maldito trânsito…

- Calma, tá tudo bem. Eu sou quem vai te auxiliar nesses primeiros dias. O senhor Cristiano sempre chega super cedo, então, ele sempre saberá se você se atrasou ou não. Mas hoje, ele chegou e teve um contratempo, uma viagem de última hora para Boston, só volta na próxima semana e me incumbiu de te preparar para trabalhar com ele.

- Ô Deus, valeu mesmo, hein! - falo, olhando para cima.

- Bom, primeiro de tudo, você precisa saber que o senhor Cristiano é muito exigente e sistemático, gosta de tudo perfeito, não admite erros, gosta de eficiência. Um passo em falso e ele assina sua demissão no mesmo segundo.

- Uau! Ainda dá tempo de sair correndo? - pergunto, soltando uma risada nervosa.

- Bom, ainda dá, mas te garanto que apesar de tudo, você vai gostar bastante de trabalhar com o senhor Cristiano, porque o homem tem cara de mau, mas é gato demais, que só poder o olhar o dia todo, já compensa.

Ela fala e dá uma piscadinha cúmplice, deixando o clima mais leve.

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Já estou em meu terceiro dia de trabalho e Olívia tem sido uma querida comigo, me ensinando tudo e auxiliando em tudo. Falei com o bam bam bam três vezes por telefone e posso falar? Que voz deliciosa, só de lembrar já me arrepio toda. Ele tem a voz grave e fala suave, nem dá pra dizer que é esse cara que todo mundo descreve.

Agora, apesar de estar com um pouco de medo, ainda, estou muito curiosa para o conhecer pessoalmente. Já percebi que a mulherada toda aqui baba nele, aliás noventa por cento dos funcionários são do sexo feminino. Por que será?

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Meu quinto dia e Olívia me chama para almoçar com ela no restaurante ao lado da empresa.

- Tá indo muito bem, Lu, já posso te deixar andar com as próprias pernas.

- Ai, Livi, me tremo toda só de pensar em conhecer o bam bam bam.

Eu e Olívia nos demos muito bem mesmo, temos tudo para sermos grandes amigas e ela adorou o apelido que dei ao nosso chefinho.

- Não aguento você o chamando de bam bam bam. Você não imagina o quão bam bam bam ele é. Mas, mudando de assunto, antes que eu me esqueça outra vez, sábado, vai rolar a festa de halloween da empresa, que acontece todos os anos. Então, prepara a fantasia.

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No sábado cedo, fui atrás de uma fantasia. Detesto fazer as coisas em cima da hora e a Olívia me avisa só agora, mas tudo bem. Tô animada, vai ser a chance de me socializar com o pessoal da empresa.

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São nove da noite e eu estou pronta, esperando a Livi vir me buscar. A festa será no Copacabana Palace, coisa fina.
Não demora muito, ela chega, fantasiada de marinheira sexy.

- Arrasou, viada, tá gata demais.

- Você também, Lu.

Eu estou fantasiada de Melindrosa. Um vestido tomara que caia, preto, a barra com uma renda vermelha, meia arrastão, uma fita com uma flor no pescoço, salto alto e uma peruca chanel, preta.

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A festa está muito animada, várias fantasias muito divertidas, tem até uma menina fantasiada de esmalte da Risqué e um cara fantasiado de post-it.

A certa altura, deixo Livi conversando com o post-it, que me pareceu bastante interessado nela e fui buscar algo para beber.

Estou escorada no bar, esperando meu Bloody Mary, quando um cara fantasiado de Zorro, para ao meu lado.

- Boa noite, Melindrosa. - diz, sorrindo. E que sorriso!

- Boa noite, Zorro. - sorrio de volta.

Meu Querido ChefinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora