Capítulo 11

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Passo o fim de semana trancafiada em casa, comendo besteiras e assistindo tv. Tive vontade de ligar para Luara, mas não cedi, ela não merece. Tenho certeza que no segundo em que soubesse que estou em um apartamento legal, com um emprego legal, iria querer grudar em mim outra vez.

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Já é segunda e o frio na barriga que com os dias desapareceu, depois do episódio no elevador, volta a me fazer companhia.

Passo pela recepção da empresa e a recepcionista, que sempre me cumprimentou toda simpática, hoje me olha estranho, de cara fechada. Passo também por Osvaldo, segurança do prédio, que continua simpático, só que hoje foi simpático até demais, me olhou de um jeito meio inconveniente. Os ignorei e entrei no elevador e é impossível evitar que cenas de sexta-feira passada invadam minha mente. Como será que o bam bam bam vai me tratar, agora? Será que ele sabe que sou a melindrosa ou ele sai pegando tantas quanto pode e eu sou só mais uma na lista dele?

Pra falar a verdade, eu queria era sair correndo. Onde eu estava com a cabeça de deixar ele me agarrar daquele jeito? Droga! Mas também, não tenho sangue de barata. O safado tem uma pegada, que nem uma freira resistiria, imagina eu, que já tinha provado do zorro gostosão.

Chego em minha mesa e são oito horas em ponto e como acontece quase todo dia, o telefone em minha mesa toca.

- Bom dia, seu Cristiano. Pois não?

- Minha sala, agora.

Mas que sujeitinho grosso, pelo amor! Tinha que ter um defeito, né? É gostoso, lindo, tem uma pegada que só de lembrar já me arrepia, mas é um babaca.

Pego a agenda e lá vou eu pra jaula do leão.

- Quais os compromissos de hoje?

Nem um bom dia, nada. Como pode ser uma pessoa tão arrogante assim?

Passei a agenda do dia e ele simplesmente me dispensou. Pelo menos falou obrigado.

Sai da sala dele e só aí consegui respirar direito. Eu vou enlouquecer! Ele simplesmente fingiu que nada aconteceu. Como pode? Eu não consigo esquecer um segundo e ele sendo frio. O zorro gostosão é um monstro, é isso mesmo?

O resto da manhã passou devagar, o bam bam bam me chamou na sala dele algumas vezes, pedindo papéis e hoje, até cafézinho, ele fez com que eu levasse pra ele. Abusado!

Faltando cinco minutos para minha hora de almoço, ele me chama outra vez na sala dele.

Mas que homem chato! Eu tô com fome, tô estressada e lá vem ele com as exigências dele. Quer ver?

Adentro a sala e o encontro sem paletó, gravata afrouxada e a sombra de um sorriso nos lábios carnudos.

- Pois não, seu Cristiano?

Ele me olha por alguns segundos, com o indicador encostado nos lábios.

- Por favor, pede o almoço, vou comer aqui mesmo hoje.

- Ok. O de sempre?

- Isso. Pra duas pessoas.

- Certo.

- Quando chegar, por favor, traga você mesma.

- Mas…

- Mas nada, faça o que eu estou pedindo.

- Ok.

Saio da sala dele bufando. Mas quem esse cara pensa que é? Me obrigar a perder meu almoço pra ficar esperando a comida dele? Cretino! Ligo e peço o prato preferido dele, strogonoff de carne e o suco de laranja, que não pode faltar. Ele procura se alimentar bem, mas o strogonoff é de lei, pelo menos uma vez na semana.

Meia hora depois, a comida dele chega e eu levo até a sala dele.

- Pronto, seu Cristiano. Vou tirar,meu horário de almoço, agora.

- Fecha a porta e se senta aqui, Luana. - fala, já se acomodando na ponta da mesa de reuniões.

- Mas…

- Mulher, obedeça seu chefe, faz favor.

Ele já está me irritando!

- Seu Cristiano, eu preciso tirar meu horário de almoço e seu convidado já deve estar chegando.

- Minha convidada já está bem aqui na minha frente, sendo teimosa. Sente-se, por favor.

- Mas…

- Mulher, que teimosa! Você sempre teima com tudo assim? Só se sente e me faça companhia pra almoçar.

Então ele quer minha companhia pra almoçar? Ele é bipolar ou o que? Uma hora finge que nada aconteceu, é grosso e outra hora quer minha companhia?

Eu me acomodo na cadeira ao lado dele, sem jeito, meio envergonhada, porque eu o olho e não posso pensar em outra coisa que não seja em ele agarrado em mim.

- Desculpa, mas eu não tô entendendo nada.

- Não precisa entender, só quis uma companhia para almoçar. Quem melhor do que minha secretária? Aproveitamos para conversar um pouco, você me fala sobre você…

- Claro, chefinho! - falo, na intenção de provocar, o que parece ter dado muito certo, já que ele se remexeu na cadeira, parecendo incomodado.

Começamos a comer e pela minha visão periférica, fico observando cada movimento dele. É hipnotizante, queria poder ficar o olhando, observando o tempo inteiro. Tão bonito, cheiroso, charmoso, sexy… E arrogante!  

- Então, está gostando de trabalhar na Roriz InterCorper? - pergunta, quebrando o silêncio.

Ah, chefinho, não puxa a minha boca.

- Sim, bastante, seu Cristiano. - respondo, sem olha-lo.

- Pode me olhar, loirinha.

Mas que abusado!

- Seu Cristiano, por favor, vamos manter o profissionalismo. - falo, me fazendo de ofendida.

Ele solta uma risadinha sarcástica, limpa a boca com o guardanapo e se levanta.

- Por que toda essa formalidade agora, hein, melindrosa?

Sinto meu sangue gelar ao ouvi-lo me chamar assim. Merda! Ele me reconheceu! Mas ele quer jogar, então, eu vou jogar.

- Formalidade nenhuma, Don Diego, só acho que o meu chefinho não vai gostar muito de ver a secretária dele misturando trabalho com lazer. - falo, com ar inocente, me levantando e o olhando de frente.

Meu Querido ChefinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora