Estava no camarim esperando as meninas, cheguei bem cedo hoje no estúdio, acho que fui a primeira a chegar. Escutei batidas na porta.
"Parece que não!" - Pensei
- Entra! - Gritei.
- Bom dia! - Aquele bom dia que escutava todos os dias na Tv da minha casa, estava agora na porta do meu camarim.
- Ana... - Falei me virando. Foi aí que fui atingida pelo seu sorriso e sem perceber sorri junto.
- Posso entrar? - Falou sem graça.
Ainda hipnotizada não respondi de começo.
- Cla- Claro! - Disse gaguejando.
Ela riu e fechou a porta atrás de si.
- Parece que não fui a única a chegar cedo hoje! - Andou até o sofá e se sentou.
"Corre daí Cristina!"
Minha cabeça repetia a todo momento, porém meu coração como sempre dizia o contrário, era uma guerra sem fim. Passei sete anos da minha vida vivendo em função da minha razão, a única que possuía meu coração era minha filha. Agora estava eu diante dela, com essa guerra terrível de novo na minha alma.
Respirei fundo.
- Pois é! - Disse pegando o celular.
Abri a tela inicial e uma foto minha e de Luiza apareceu na tela.
- Que foto linda! - Ela se aproximou.
Me encolhi na cadeira e Ana se afastou sem graça. Me arrependi dessa atitude no mesmo instante que vi seus olhos tristes.
- Desculpa, Cristina...
"Eu não amava mais, Ana. Não amava. Ela não mexia mais comigo e não me deixa nervosa." - Repetia isso sem parar, vai que meu coração burro entendesse.
Ana virou as costas e quando dei por mim ela já estava abrindo a porta.
- Não! Por favor! - Disse levantando. - Eu que devo desculpa, pela minha atitude... - Falei sem graça.
Ela sorriu ainda triste.
- Espero que um dia você posso me perdoar Cristina... - Ana virou e saiu do camarim sem falar mais nada.
Fiquei ali parada como uma estátua, me martirizando por tratá-la tão friamente.
As gravações acabaram e como sempre fingíamos na frente das câmeras que nada acontecia de errado.
- Muito bom, Pessoal! Até a próxima! - O diretor falou.
O sorriso que estava no rosto de Ana desde o começo das gravações murchou na mesma hora, agora tudo voltava ao normal. Ela saiu sem falar com ninguém, me deixando ainda mais culpada.
"Porque você tem que ser tão trouxa, Cristina?" - Pensei enquanto andava rumo ao seu camarim. Parei na porta com a mão esticada pronta para bater.
"Não faça isso! Assim é melhor para todo mundo!" - Minha razão dizia.
"Peça desculpas!" - Meu coração repetia.
Resultado fiquei ali parada alguns bons minutos sem saber o que fazer.
A porta foi aberta de repente e Ana trombou comigo.
- Ai! - Falou cambaleando. Segurei a pequena em meus braços para evitar que caísse.
Pronto! Para quem não sabia nem o que fazer, agora estava com Ana grudada em meus braços.
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Amor Doce Amor
Romance"Passei minha pequena toalha pelo rosto, tirando um pouco de farinha espalhada. Olhei mais uma vez para o corredor e ouvia cada vez mais vozes diferentes. Quando se trabalha em um cozinha você se acostuma com cada som que sai das panelas, dos utensí...