Buenos Aires

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- Mi amor, senta aqui vai... respira! - Levei Ana até o sofá e sentei ao seu lado.

Péssima ideia Cristina!

- Está na Tv também! Ai meu Deus! - Ana ficou ainda mais nervosa.

Clara me olhou preocupada.

- Ana uma hora isso iria acabar acontecendo...

Ela me olhou enfurecida.

- Minha vida não é um espetáculo para ficar estampada nos jornais e na Tv, Cristina!

- Ok! Eu concordo com você, mas estamos juntas há um mês, o que quero dizer é que em algum momento as pessoas ficariam sabendo! - Eu entendo o fato dela odiar toda essa fofoca sobre nós duas, mas será que era realmente só isso que incomodava Ana?

Ana levou as mãos a cabeça claramente nervosa.

- Ana... - Ela me encarou séria. - O problema é realmente só esse? - Apontei para a Tv.

Ela levantou do sofá e pegou sua bolsa que estava em cima da mesa.

- Preciso ir embora!

- Sério mesmo? - Disse incrédula. - Isso é somente uma fofoca! Daqui a pouco chegará outra notícia e vamos virar passado para essa gente! - Ela parou em frente a porta com a mão na maçaneta. - Vamos fazer o seguinte, eu comprei duas passagens para Buenos Aires - Ana me olhou curiosa. - Eu queria comemorar nosso primeiro mês de namoro, onde eu cresci, quero mostrar a você o começo de tudo... - As linhas do seu rosto ficaram mais suaves. - Viajamos amanhã mesmo se você quiser. - Disse apreensiva. - Levamos Luiza com a gente e passamos um tempo na Argentina só nos três! Quando voltarmos ninguém mais vai estar falando disso... - Ana correu para os meus braços e se encolheu como uma criança amedrontada.

Ela tinha medo, dava para sentir em cada poro seu.

Abracei forte minha mulher, mas não escondia minha cara de preocupação.

Arrumei tudo para viajar com elas no final da semana e ao invés de passar somente uma semana, íamos ficar quase vinte dias. Deu um pouco de trabalho, mas conseguimos organizar nossa vida para esses vinte dias de fuga. Coccina Dulce ficaria com Clara e Felipe. Luiza adiantou seus trabalhos na escola para viajar com a gente e Ana tentou adiantar seu trabalho nas suas empresas. Mudei toda a minha rotina e da minha filha, para dar esses dias de paz para ela, para nós.

Liguei para alguns amigos em Buenos Aires que ajeitaram meu apartamento na cidade, o mesmo estava há anos fechado. Criei um roteiro de passeios e diversão para nós três.

Clara me ajudava a arrumar a mala de Luiza que insistia em levar cinco bonecas na viagem e não poderíamos esquecer a boneca Fada que Ana deu a ela e que provavelmente não caberia na mala.

- Luiza quer me deixar louca! - Disse tentando empurrar a boneca de qualquer jeito dentro da mala já lotada.

Clara tocou em meu braço.

- Tem certeza que é a Luiza sua preocupação?

Larguei a boneca de lado e sentei na ponta da cama.

- Você está preocupada com Ana, não é?

- Claro que não...

- Não minta para mim, Cristina... Eu vi seu rosto naquele dia, você estava apavorada com a reação dela.

Não adiantava mentir para a minha amiga. Eu precisava desabafar também, aquilo estava me sufocando.

- Eu tenho medo também, Clara... - A menina se ajoelhou na minha frente e segurou em minhas mãos. - Não por causa dessa fofoca... Eu assumo Ana para quem quiser, não tenho problemas com isso, mas e ela? Ana morre de medo, Clara! Foi esse medo que a fez me largar anos atrás e as duas sofreram com suas escolhas erradas. - Clara enxugava minhas lágrimas. - Não sei se Ana aguentará de novo... tenho medo dela surtar e acabar com nosso relacionamento... tenho um medo terrível de sentir de novo aquela dor! Foram anos de uma vida vazia, até Luiza e você me salvarem do buraco que me escondi.

Amor Doce AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora