Acabou

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-Vai me deixar entrar ou terei que passar por cima de você?

Ela me encarava com uma ousadia que nunca vi antes em Ana. Aquela mulher ali na minha frente disposta a me enfrentar só para ver Luiza, não era a Ana que estava acostumada. Eu sorri internamente. Ela me desafiava pelo olhar e confesso que gostei desse seu lado.

- Vamos Cristina, decida!

- Você não se atreveria... - Decidi provocar um pouco mais.

- Bem a escolha é sua! - Ela não se intimidou.

Bufei. E contrariada eu sai de frente da porta para ela entrar.

Ana pareceu surpresa por um momento, mas continuou com sua postura séria.

- Obrigada! - Falou passando por mim. - Luiza está no quarto?

Revirei os olhos.

- Sim!

Não conseguia encarar Ana, eu ainda não estava acreditando que ela me dobrou.

Nós ainda estávamos paradas no meio da sala. Levantei meu olhar até seu rosto que me encarava com certa mágoa.

- Você está bem? - Disse mais calma.

Desviei meu olhar do seu.

-Estou ótima! - Respondi seca. - Minha filha estando bem, eu estarei bem!

Ela sorriu fraco e virou as costas entrando no quarto de Luiza.

Ana passou cerca de uma hora dentro do quarto com Luiza. Às vezes eu chegava perto da porta e escutava as risadas das duas. Luiza falava sem parar... As duas conversavam animadamente e não tive coragem de atrapalhar aquele encontro.

Eu estava ansiosa no sofá, passava os canais tentando distrair a cabeça, até que a curiosidade me tomou e fui até a fresta da porta.

O que vi me fez sorrir verdadeiramente em dias.

Ana estava sentada na cama de Luiza e minha filha estava com a cabeça em seu colo, enquanto escutava uma história. Ela acariciava os cabelos dourados da criança e falava com uma voz suave que me fez viajar.

Ana era tão mãe... E como seria linda grávida e depois com nosso filho no colo.

Eu conseguia imaginar todo o cenário, era só fechar os olhos...

Lembrei do sonho que tive no parque enquanto estávamos na Argentina. Aquela criança bochechuda e risonha, no seu colo. O amor que transbordava pelo seu olhar. O mesmo amor que agora vi direcionado a minha filha.

"- Vem amor... - Ana me chamava. - Vamos aproveitar que o bebê está sorridente!

Levantei correndo da grama e caminhei até eles.

- Seu filho é tão irritadinho quanto você! - Disse rindo e passando a criança para o meu colo. - Temos que aproveitar esse momento risonho dele! - Ana mexeu em suas mãozinhas pequenas e a criança se jogava em seus braços. - Ele me ama mais também! - Revirei os olhos. - Não é meu pequeno? - A criança sorria, deixando suas bochechas mais rosadas ainda."

A lembrança do sonho me invadiu e junto com a voz melodiosa de Ana, eu viajei para longe dali.

- Cristina... - Abri os olhos devagar e dei de cara com Ana na minha frente. Ela me olhava curiosa.

Eu fiquei tensa na mesma hora. Ana já tinha baixado a guarda. Ela me encarava como se soubesse tudo que imaginei.

Ainda sem conseguir me mover, novamente fiquei tensa, quando vi que ela deu um passo à frente. Seu nariz chegou a roçar no meu e quando sua boca se aproximou da minha eu virei o rosto.

Amor Doce AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora