- Cristina, acorda! Cristina! - Escutei ao longe a voz de Felipe.
Abri os olhos e com dificuldade vi a silhueta de Jean e Felipe.
- O que houve? - Falei levando minha mão a cabeça.
- Você desmaiou! - Jean disse me ajudando a sentar no sofá. - Tudo bem, Cristina? - Falou preocupado. - Acho que está trabalhando demais, vai para casa hoje! - Arregalei os olhos.
- Não mesmo! Estou ótima! - Levantei rápido demais e novamente fiquei tonta.
- Deixa de ser teimosa! – Felipe me chamou atenção. - Não se preocupe Chef eu cuido dela! - Jean estimou melhoras e saímos do escritório.
Estávamos atrás do restaurante, às vezes alguns funcionários iam ali para fumar.
- Cristina, eu sinto muito...
- Não precisa ficar com pena de mim! - Disse me afastando.
- Não estou com pena de você! Até porque sabia onde isso ia dar...
- Porque não para de me atormentar com isso! - Falei tampando os ouvidos.
- Você não vai nesse jantar!
- Como? – Falei encarando Felipe.
- Você é masoquista por acaso? Eu invento uma desculpa para o Jean!
Bem, acho que era mesmo! Eu iria nesse jantar de qualquer jeito.
- Eu preciso vê-la! - Falei com voz embargada.
- Para que?
- Não sei! - Disse gritando. - Eu preciso ver com meus próprios olhos.
Felipe me olhava furioso.
- Você é doida! – Perdeu a paciência e voltou ao restaurante me deixando sozinha.
Acho que realmente estava sem juízo.
O dia do jantar enfim tinha chegado, eu juro que por um momento eu vacilei. Quase declinei, mas precisava vê-la.
Encontrei com os demais cozinheiros na casa de Jean.
Felipe me olhou e nada disse.
Como sempre fazia coloquei meu avental e comecei a comandar a cozinha.
A casa estava linda, as pessoas iam chegando aos poucos e os músicos tocavam melodias suaves.
Tentei fazer de tudo para ficar alheia aquilo, mas não estava funcionando muito bem.
Estava distraída, dispersa e nada saia como eu queria.
- Eu não disse que esse prato tem que sair da cozinha ainda quente, impecável! - Gritei pela décima vez na cozinha. - Refaçam agora! - Falei para os três cozinheiros a minha frente.
A cozinha toda me olhava com os olhos assustados. Acho que nunca viram a quieta Cristina tão atacada.
Voltei para a minha bancada e peguei a faca cortando outros pedaços de carne.
- Hijo de una Puta! - Xinguei alto. A faca tinha acertado em cheio meu dedo, o sangue escorria.
- Meu Deus, Cristina! - Felipe veio em meu socorro. - Toma enrola esse pano no dedo. - Ele me puxou para fora da cozinha. Passamos rápido pela sala de jantar e vi Ana em pé conversando com algumas pessoas.
Ela me olhou apavorada e eu empaquei no meio do corredor.
Felipe olhou para Ana e virou o rosto.
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Amor Doce Amor
Romance"Passei minha pequena toalha pelo rosto, tirando um pouco de farinha espalhada. Olhei mais uma vez para o corredor e ouvia cada vez mais vozes diferentes. Quando se trabalha em um cozinha você se acostuma com cada som que sai das panelas, dos utensí...