MELINDA PEREIRA DA SILVA
A música vinha alta do som da sala, e eu me forcei a abrir os olhos e ver que eram seis horas da manhã e eu estava quase atrasada para o trabalho.
Eu levantei num pulo e já fui em direção ao banheiro com a roupa já separada na mão.
- Maria Luísa, é melhor você já estar pronta pra escola. – Grito do chuveiro.
Maria Luísa, ou Malu, era a minha irmã mais nova. Quando eu tinha dezoito anos e ela dez, meu pai faleceu e a nossa mãe, que já não era a mais certa das pessoas, sumiu no mundo, me deixando sozinha com a Malu.
O que nunca foi muito problema, já que eu sempre cuidei da Malu e só continuei fazendo isso, só que agora legalmente, e graças a Deus, já tinha terminado a escola.
Eu já trabalhava antes dos dezoito, então procurar trabalho também nunca foi problema, mas cuidar de uma pré adolescente indo para adolescência, era difícil pra caramba.
Eu sempre carreguei as responsabilidades de um adulto, desde cedo, então, toda a fase de rebeldia que eu tinha, eu investi na dança, que é como eu ganho mais dinheiro, no meu segundo empego como dançarina e cantora de boate.
Mas minha irmã, graças a Deus, viveu uma infância plena, mas era ajuizada.
As vezes.
- MARIA LUÍSA, VOCÊ JÁ ESTÁ PRONTA? E ABAIXA ESSE SOM ALTO, AGORA!
Depois do banho, me arrumei e fui para sala com pressa, só para ver minha irmã sentada com uma tigela de salada de frutas no colo, olhando o celular enquanto a música tocava.
Pelo menos estava com o uniforme da escola.
Pedi paciência a Deus, antes de desligar o som.
- Ei, por que desligou? – Ela levanta o olhar indignado e ajeita os óculos.
- Porque estamos atrasadas. – Eu digo antes de engolir o café rapidamente e ir calçar o tênis. – Vá escovar os dentes que eu estou te esperando.
Por sorte ela me ouve e bota a tigela dentro da pia antes de sair pisando duro em direção ao banheiro.
Quando ela volta, eu estou com as chaves na mão e a mochila nas costas. Ela pega a sua própria mochila e ambas saímos de casa.
*
Eu trabalhava na FOCOS, uma empresa que trabalhava com o foco principal na beleza da mulher brasileira.
A mulher de verdade.
Eu trabalhava no almoxarifado, entregando documentos, arquivando e ficando de lá pra cá, mas eu adorava trabalhar lá.
E o bônus de natal não era nada ruim também.
Eu ficava lá embaixo com o Rose, uma senhora super simpática que trabalhava ali a anos.
Mas se tinha uma parte boa nesse trabalho, essa parte era o dono disso tudo.
Ou melhor, o filho do dono disso tudo.
Heitor Albuquerque.
Sério, até o sobrenome dele era atraente, tipo, era duplamente sexy em nome!
Eu não era atraída por ele ser o filho do dono, longe de mim ficar almejando grandezas impossíveis ou pensar no famoso golpe do baú.
Eu só era apaixonada por ele, como aquele clichê patético da empregada apaixonada pelo patrão.
Quem dera ser uma J-Lo versão empregada de hotel e esbarrar no meu sonho de consumo sem querer. Mas convenhamos, nem corpo de J-lo eu tinha.
Eu estava mais para J-XGG.
Parecia até um nome de sanduíche.
Eu não sou de me menosprezar. Só sou realista.
Por isso que quando eu consegui o emprego como cantora na boate, foi até surpreendente, visto que eu não era o padrão de lá.
De novo, não estou me menosprezando, só sendo puramente realista.
- Mel? Está sonhando acordada novamente, benzinho? – Pergunta a Dona Rose, que me cutuca no ombro me tirando dos meus devaneios.
Lhe dou um sorriso amarelo.
- Desculpa, Dona Rose, eu só estava pensando em algumas coisas que tinha que fazer.
- Eu sei como sua vida é corrida minha filha, e infelizmente, vou colocar mais um peso nos seus lindos ombros agora.
Ai droga.
- O que houve?
- É que eu recebi esses documentos por engano, e eles são do Heitor e tem que ser devolvidos urgentemente. São contratos de modelos e... – Ignorei o resto da fala quando ela falou nele.
Heitor.
Eu teria que ir lá?
- Sim, minha querida.
Eu falei isso? Droga, Melinda.
- É realmente necessário? Talvez a assistente dele desça e...
- Que nada, eu já disse que você estava subindo. – Ela diz isso me entregando os documentos.
Respira.
Inspira.
Você consegue, Mel.
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HONEY - Uma história de amor sem medidas
Roman d'amourSINOPSE: Melinda/Honey, sempre foi apaixonada pelo Heitor, filho do dono da empresa mundialmente famosa, FOCOS. Para ela, Heitor é um príncipe de contos de fadas, mas ela não se acha digna dele., porque trabalha como cantora em uma boate noturna. Se...