HEITOR
Ela estava testando o meu limite.
Um limite que eu pensava ter controlado o suficiente. Um limite que eu aperfeiçoei, mas no momento, só pensava em agir como um homem das cavernas e tirar ela dali.
O jeito como ela se movia, como ela cantava, como os lábios exuberantes dela pintados de vermelho segurando o microfone daquele jeito.
E aquela voz rouca do caralho?
As primeiras notas que ela cantou, o som atingiu diretamente o meu pau.
Era tão bom e ao mesmo tempo perigoso.
Como alguém podia me atingir desse jeito?
E uma cantora de boate?
Eu não conhecia muito bem a índole dela, apesar de ter ficado indignada com a minha proposta.
Entretanto, quem não me garantia que ela estava armando algo?
Tentando me arrastar para ser enganado.
E isso eu não seria!
Não era idiota!
Logo depois que o número dela havia terminado, ela some pela cortina preta e eu tomo um último gole da minha bebida antes de ir atrás dela.
Dessa vez eu estava sozinho, não queria que ninguém testemunhasse nada.
Quando eu fico em frente ao camarim dessa vez, uma onda de nervosismo bate, mas empurro para o lado e bato na porta.
- Pode entrar. – Ouço a voz dela.
Entro e dou de cara com ela ainda totalmente vestida e de maquiagem no rosto. Como será que ela era debaixo daquilo tudo?
- Oi.
- Oi. – Ela responde e continua me encarando.
Era estranho. Era como se ela esperasse alguma de mim, mas o que?
Desvio o olhar e encaro as flores num jarro no canto.
- Hm, parece que gostou.
- Quis ser gentil, já que imaginava que viria aqui.
- Não me pareceu gentil no nosso último encontro. – Soltei.
Ela me olha novamente e suspira.
- Olha, eu queria pedir que parasse. Eu não sei o que você quer, mas quero que se afaste, por favor.
Franzo as sobrancelhas.
- Você não pode ao menos tentar? Dar uma chance?
- Dar uma chance a que? Você nem me conhece! Não tem ideia de quem eu sou!
- Não tenho mesmo e por isso que seria bom tentarmos.
Ela bufa e percebo que já perdeu a paciência.
- Só vai embora por favor, e não mande mais flores e nem apareça mais.
Eu penso em argumentar, mas ela me da mais um olhar penetrante e por um minuto eu podia jurar que já tinha visto aqueles olhos em algum lugar...
Mas ela logo desvia e vai em direção ao banheiro no camarim e me deixa sozinho.
Essa era a minha deixa.
Mas eu não iria desistir.
*
DIA SEGUINTE
MELINDA
Eu tinha ido dormido mal novamente, porque chorei a noite toda.
Quando eu disse que ele não conhece, queria gritar que ele não me reconhece.
Ele só via o que queria ver. A dançarina prostituta que ele pensava que eu era.
Ele não me via por mim mesma, Melinda. A mulher que se vira em mil para criar a irmã.
Hoje era sábado e eu não trabalharia na empresa, mas sim na festa da Amanda. Iria ver se tudo estava saindo como o combinado.
Eu sabia que tinha que me vestir bem e por isso separei um terninho que tinha para essas ocasiões. Malu protestou.
- Melinda, você vai em uma festa chique dessas e quer ir de terninho? – Ela fala a palavra terninho como se deixasse um gosto ruim na boca.
- É o certo, Maria Luiza. Eu vou a trabalho e não a diversão.
Ela revira os olhos.
- E quem disse que não da pra ter os dois?
Eu suspiro e me controlo antes de perder a paciência. Ela não entendia que a vida não era assim? Diversão a todo momento?
Ela achava que a vida era um parque de diversões.
- Você já fez seu dever hoje, Maria Luiza? Já pensou na faculdade? Um emprego? Já limpou seu quarto? Já... – Ela me interrompe e levanta as mãos em rendição.
- Calma, calma, já percebi que você está com aquele humor do cão e sei como te acalmar. – Ela sai da cozinha com brigadeiro de panela e aponta pra TV. – Vamos ver Burlesque? Eu baixei no computador.
Eu penso por um minuto e concordo.
Burlesque era um dos meus filmes musicais preferidos. Era assim que eu sonhava em cantar. Misturar sensualidade com beleza. E não me sentir suja como eu me sentia as vezes lá na boate.
Tínhamos um público meio variado, mas ainda assim, me sentia suja.
Eu não podia largar em cima da minha irmã que ainda tentava me acalmar.
Depois eu podia me irritar a vontade, porque eu tinha um sentimento que iria me irritar de verdade mais tarde.
Na festa.
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Me desculpem pela demora gente ):
Mas pra me desculpar, eu volto domingo com mais um capítulo pra vocês.ESPERO QUE TENHAM GOSTADO.
VOTEM! COMENTEM!
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HONEY - Uma história de amor sem medidas
RomanceSINOPSE: Melinda/Honey, sempre foi apaixonada pelo Heitor, filho do dono da empresa mundialmente famosa, FOCOS. Para ela, Heitor é um príncipe de contos de fadas, mas ela não se acha digna dele., porque trabalha como cantora em uma boate noturna. Se...