Capítulo 11

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"Na maioria das vezes, as melhores recompensas vêm quando se faz aquilo que você mais teme. Talvez você consiga tudo o que deseja. Talvez consiga mais do que jamais tenha imaginado... Quem sabe aonde a vida te levará? A estrada é longa. E no fim das contas, a jornada é o destino." (One Tree Hill)

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JS narrando

Mais um dia cansativo, terminei minhas conta na boca, dei um salve pros vapor que estavam do lado de fora, montei na minha moto e fui pro meu refúgio.

A vista da rocinha é a coisa mais bela que se pode ver...

Ela trás uma paz inconfundível, trás calma, faz você ficar leve só de sentir aquele vento de 18:00 da noite...

Ao olhar para o alto agradeço mais uma vez a Deus, por ter me abençoado mais um dia.

Acha o que? Não é porque sou traficante que não posso ter fé naquele que me criou.

E é isso que eu sempre digo para meus vapores e o pessoal da favela.

Só com fé podemos alcançar nossos objetivos, acredito na fé que tenho.

Depois de agradecer, me sentei no banco que mandei colocarem ali e fiquei pensando na minha vida.

Sempre fui um moleque sofrido, quando nasci fui deixado na entrada da favela por aquela mulher que não merece o título de mãe.

Fui encontrado por dona Ana.

A coroa é mó firmeza, uma mãezona, ela me criou e é como dizem, mãe é quem cria e da amor.

Se eu dissesse que cresci sem amor estaria mentindo.

Eu recebi o amor dela e até hoje tento retribuir.

Quando fiz 17 anos assumi o comando da rocinha.

Se eu sonhava com isso? Claro que não, como todo moleque eu queria ser jogador, ter futuro...

Mas você já viu quantos NÃO morador de favela tem que tomar?

Morar em favela é difícil parça, mas fazer o que?

Assumi o tráfico quando o antigo dono do morro morreu.

O bicho era mistura de demônio feat lucifer.

Todos da favela tinham medo dele, o cara matava sem dó.

Lembro que na época teve invasão do jacarezinho e ele acabou baleado.

Antes de morrer, ele mandou me chamar e disse que queria a favela sob o meu comando.

No começo eu não queria aceitar, mas depois eu não tive opção... Ou era eu, ou o ADA assumia e aí fudia com a favela toda.

Dona Ana, quando descobriu não queria deixar, mas sabia que não teria jeito, quando eu colocava algo na cabeça, ninguém tirava.

Então eu assumi o comando e to aí até hoje.

Foi difícil? Foi, tive que deixar o Júnior para virar o JS, não sou bonzinho, mato sem dó, mas foi a vida que me quis assim.

Eu amo minha favela, sempre ajudo os moradores e tudo mais, só que não posso passar ficha de cara fraco, se não os rival passa a mão.

Comando a favela junto do LS, que é o sub comandante da favela.

O cara é chave e chato pra caralho, me irrita, mas é mano né, não posso matar.

Me livrei dos meus pensamentos, levantei do banco, avistei a favela de novo, já tinha escurecido e eu nem percebi, montei na minha moto e fui pro meu barraco.

Ao chegar em casa, desci direto pra garagem e guardei minha moto.

Passei pelos vapores que ficavam de guarda e os comprimentei, abri a porta e entrei em casa.

JS: como é bom deitar nesse sofá- disse me espriguiçando, ouvi um barulho e levantei o olhar me deparando com Letícia- tá fazendo o que na minha casa vadia?- perguntei.

Letícia: como você fala assim comigo?- disse se achando- me destratou na frente daquela piranha mirim da Bianca- falou parecendo indignada.

JS: tá querendo morrer putinha?- disse chegando perto da mesma- tá achando que é quem pra falar assim comigo?- perguntei e peguei a mesma pelo pescoço.

Letícia: ta me sufocando Júnior- disse com a voz falha, apertei mais ainda, ela sabe que não gosto que me chamem pelo nome- me solta por favor JS- disse tentando tirar minha mão.

Soltei seu pescoço e a mesma levou a mão, tava bastante vermelha, do jeito que queria.

JS: isso é pra pensar duas vezes antes de querer se mostrar por aí sua vagabunda- disse e lasquei um tapa em sua cara- não tenho fiel nenhuma, e se tivesse com certeza não seria você, da pro morro todo e quer relacionamento sério?- disse a encarando, a mesma estava vermelha de raiva.

Letícia: sou tão puta que voce adora me comer- disse me empurrando no sofá e sentando em meu colo, empurrei a mesma no chão- tá ficando louco?- perguntou se levantando.

JS: louco? Tu não vou nada ainda- disse indo em sua direção, a pegando pelos cabelos e levando em direção a porta- quer dar? Vai em outra casa, por hoje sua cota comigo ja estourou, se não quiser apanhar, vaza da minha frente- disse a jogando no chão.

Fechei a porta antes dela se levantar.

Subi para meu quarto, não morava em uma casa chiquérrima, mas era a melhor da favela.

Tinha que mostrar poder né, afinal sou o dono disso tudo.

Minha casa ficava no alto do morro, do lado da do LS, do menor e do BR, que eram os parças de confiança.

Cheguei no quarto e entrei no banheiro, tomei um banho, me arrumei, desci na cozinha e jantei, voltei pro quarto e dormi, o dia tinha sido cheio.

A zona da minha vida [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora