Capítulo 53

1.7K 150 10
                                    

Dois meses depois...

Lua narrando

Já era noite na rocinha, o serviço hoje tinha rendido, por isso fiquei até tarde trabalhando.

Sai da loja junto da Milena, puxamos a porta de ferro e trancamos com o cadeado.

Milena tinha se tornado uma grande amiga. Desde que comecei a trabalhar, ela se tornou companhia constante.

Milena: tchau amiga- me beijou no rosto- até amanhã, não vou trabalhar de manhã- suspirou fundo.

Lua: por que não?- perguntei curiosa.

Milena: as coisas estão difíceis em casa- abaixou a cabeça- meu pai continua me dando trabalho.

Milena era nova, mas isso não a impedia de sofrer na vida.

Ela só tinha o pai e mesmo sendo maior de idade, não o abandonava de jeito nenhum.

O pai dela era um drogado alcoólatra, só vivia nos bares do morro arrumando confusão e quando tinha tempo de parar em casa, só ia pra fazer a vida dela um inferno.

Me despedi da minha amiga e comecei a subir o morro cansada.

As coisas estavam bem difíceis pra mim também.

Desde o acontecido com JS, não nos falamos mais.

Ele tem ignorado minhas ligações, não olha na minha cara... tudo isso porque eu nao quis ser mandada por ele.

Passei em frente ao bar de dona Ana e estranhei por não ver muita gente.

Geralmente numa sexta-feira a noite tem bastante gente por conta dos bailes.

Minha vontade hoje é só de deitar na cama e acordar quando for rica e tiver um futuro traçado.

Abri a porta de casa e estranhei por não ver ninguém.

Já estava tarde, o pessoal já devia ter ido pra quadra.

Me sentei no sofá sentindo meus pés latejando por conta da sapatilha.

Tirei as sapatilhas e senti um cheiro nada confortável.

Lua: tênis pé na minha vida por favor meu Deus- fiz cara de nojo tampando o nariz.

Me levantei do sofá e vi um papel em cima da mesinha na sala.
______________________________________

Filha fomos direto pra quadra, tu demorou muito.
Não demora pra se arrumar, qualquer coisa me liga.
Beijos mamãe.
______________________________________

Revirei os olhos e suspirei fundo.

Se tem uma coisa que eu odeio é ter que ficar sozinha em casa.

Subi as escadas correndo em direção ao meu quarto, abri a porta e tranquei deixando a chave na porta mesmo.

Tirei minha bolsa do ombro e coloquei em cima da cama, tirei minha blusa e a bermuda, jogando no canto do quarto.

Sorri ao sentir o alívio de ficar sem roupa.

Vamos concordar que não ter sutiã apertando os peitos é a melhor coisa do mundo né.

Separei minha roupa e coloquei em cima da cama, uma saia e um cropped.

Entrei no banheiro e fui direto pra baixo do chuveiro, liguei sentindo a água fria bater nas minhas costas me fazendo relaxar totalmente.

Lua: foi você quem me usou quando eu só quis te amar, depois descartou, tive que me virar...- cantarolei esfregando o shampoo no cabelo.

******

Terminei de pentear os cabelos, coloquei meu salto preto e sorri pra mim mesma ao me olhar no espelho.

Demorei bastante tempo pra me amar, agora quero ver quem vai me fazer pensar o contrário.

Peguei meu celular e guardei na bolsinha junto do meu batom.

Sai do quarto fechando a porta e do nada escutei barulho no andar de baixo.

Lua: repreende uma coisa dessa meu Deus- murmurei baixo- puta merda, não quero morrer sozinha- choraminguei descendo as escadas.

Cheguei na sala com medo e olhei em volta mais não tinha nada caído o que fez meu coração errar uma batida.

Sai de casa e fechei a porta trancando e guardando a chave.

Assim que pisei na calçada, senti um puxão no braço.

Me assustei e tropecei no chão fazendo com que meu cabelo caísse na cara.

Ajeitei meus cabelos e olhei pra cima assustada, mas o susto foi por ter visto ela.

A mina tava sumida e do nada aparece.

Lua: o que você quer comigo?- perguntei me levantando.

Letícia: quero tudo que era meu e você roubou- disse com ódio.

Lua: o que? Você está louca garota, me deixa passar- a empurrei, mas senti alguém me segurar.

***: se prepare para seu pior pesadelo- disse rindo.

Não dava pra ver quem era pois estava com uma máscara na cara. Mas a voz não me era estranha.

Então eu senti um pano na minha boca e tudo foi escurecendo me fazendo perder as forças.


A zona da minha vida [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora