Capítulo 48

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"Aqui dentro amor, lá fora temporal"

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Cecí narrando

Abri os olhos sonolenta olhando em direção da janela do quarto, vendo que a noite ja tinha chegado na rocinha.

Virei para o lado e passei a mão na cama, dando falta de Brian que deveria estar dormindo comigo.

Levantei da cama me espreguiçando e saindo do quarto em direção à cozinha.

Ao chegar vi Brian mexendo em uma panela no fogão, o abracei por trás e ele se assustou.

BR: Boa noite bela adormecida- se virou brincando com meus cachos.

Cecí: boa- dei um selinho nele- tá fazendo o que?-perguntei levantando a sobrancelha.

BR: eu tava tentando fazer a comida- disse rindo- mas não deu muito certo não amor- sorriu olhando a panela.

Cecí: não é possível que voce não saiba fazer arroz cara- neguei com a cabeça- quem nao sabe fazer arroz Brian- revirei os olhos rindo.

BR: ninguém é perfeito- revirou os olhos- tem como você começar a fazer a janta, enquanto vou na boca?- perguntou coçando a cabeça.

Cecí: pode ir- concordei desanimada- não demora- dei um selinho e ele saiu.

Bora jantar sozinha né.

Ultimamente as coisas estão tão calmas, que até me assusta.

Meu amor pelo Brian não é de hoje, nem de ontem.

Desde criança já tinha um afeto grande por ele, mas ele sempre me considerou uma irmã, então eu jurava que nao ia rolar nada, mas mesmo assim alimentei meu sentimento por ele.

Ele sempre me ajudou, me dava conselhos, nunca me deixou sozinha e eu sabia la no fundo que o sentimento poderia ser recíproco.

Demoramos muito tempo pra assumir o que sentíamos, quando aconteceu ele também demonstrou que o sentimento era verdadeiro.

Apesar de ser traficante, ele faz tudo por mim. Nunca me deixa faltar nada, sempre é muito atencioso comigo...

Só que quando se droga, eu não gosto de ficar perto, ele fica muito nervoso e não gosta de me ver.

Não entendo o motivo até hoje.

Tem também o fato dele ser vapor e as meninas caírem matando, só que eu confio nele e desejo de todo meu coração que eu não me arrependa dessa confiança.

Brian e eu estamos praticamente morando juntos, ele alugou uma casinha no morro pra ficarmos mais à vontade, então passamos a maioria do tempo juntos.

Quem não tá gostando muito disso é o menor, tá com um bico de todo tamanho pra cima de mim.

**
Terminei de fazer o arroz e coloquei meu prato, me sentando na mesa e comendo.

Ter que comer sozinha nao é legal, uma das vantagens de morar com menor era que ele nunca me deixava jantar sozinha, mas com BR é diferente, nem sempre ele tem tempo pra mim.

Eu até entendo isso tudo, mas que mulher não quer atenção toda hora?

Já sabia que passaria por isso, eu que escolhi essa vida e vou ter que aceitar a maneira que ela vai ser...

Meu namoro não é mil maravilhas, discutimos e tudo, só que ele nunca levantou a mão pra mim.

Desde criança, meu irmão me ensinou que eu nunca deveria deixar ninguém levantar a mão ou a voz pra mim.

Eu sei que isso é uma barra, tenho várias amigas que apanham de namorado dentro de casa.

Não quero pra mim o mesmo destino delas.

Logo terminei meu jantar, levei os pratos pra pia, lavei tudo que estava lá e deixei no escorredor.

Desliguei a luz da cozinha e fui pro banheiro tomar banho.

Estava quase terminando, escutei barulho do foguete ser lançado, na favela isso significa invasão.

Cecí: merda- disse com os olhos ja com lágrimas- o Brian- susurrei.






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