Capítulo 68

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Lua narrando

Chorava intensamente, as lágrimas desciam copiosamente pelo meu rosto.

Encarei minha escrivaninha cheia de fotos nossas.

Senti um ódio que não era meu me atingir, caminhei cautelosamente até ela e em um só segundo joguei tudo no chão fazendo os porta retratos se quebrar.

Dei um grito alto como se minha dor pudesse ser arrancada, mas não funcionou.

Ouvi o barulho da porta do meu quarto sendo aberta, sem conseguir ver quem era, senti o perfume da minha mãe.

A abracei e chorei desesperadamente.

Sentia as mãos de mamãe afagando o meu cabelo, ela não dizia nada, só escutava meu choro que por acaso não estava baixo.

Aos poucos o choro ia passando, mas a tristeza parecia só aumentar.

Mamãe passou as mãos em meu rosto e tirou os cabelos grudados com as lágrimas.

Ela estendeu a mão para que eu pudesse levantar, puxei e me levantei sentando na cama.

Isis: o que aconteceu?- perguntou me encarando.

Abaixei minha cabeça envergonhada e suspirei fundo.

Lua: ele não vai assumir- respondi baixo.

Isis: como assim ele não vai assumir?- perguntou me soltando e me encarando.

Lua: ele disse que não quer ser pai- respondi secando as lágrimas.

Isis: então ele não vai ser- disse se levantando.

Lua: como assim não mãe?- perguntei confusa.

Isis: eu não vou deixar que você fique implorando amor ao que deveria ser pai do meu neto!- respondeu rígida.

Lua: como vou criar uma criança sozinha mãe?- perguntei querendo chorar de novo.

Isis: e quem disse que você está sozinha meu amor?- perguntou me lançando um sorriso.

Lua: acha que eu consigo?- perguntei e ela me abraçou.

Isis: eu tenho certeza que você será uma ótima mãe- respondeu me soltando- também, com um exemplo desse como não seria- disse revirando os olhos debochada.

Abri um sorriso e a puxei para outro abraço.

Senti um conforto enorme me atingir, aquele abraço de mãe que cura qualquer dor.

Por um momento me peguei pensando se meu filho vai sentir isso por mim.

Respirei fundo a soltando e encarei o chão cheio de cacos de vidro.

As fotos continuavam intactas, não faltou vontade de ir até elas e rasgar, mas a minha barriga roncou e me fez esquecer.

Isis: acho que tem alguém com fome- disse já indo pra porta- vou preparar um lanche e você desce, tranquilo?- perguntou.

Concordei com a cabeça e ela logo saiu.

Caminhei até a janela do quarto e tive a visão que eu mais amava, na minha cabeça eu conseguia pelo menos ver a metade do rio.

Um pensamento me atingiu, e se não estiver na hora de eu sair daqui?

Será que eu conseguiria viver minha vida longe daqui?

Ou melhor, longe do Brasil!

Não sei porque mais fechei a janela e caminhei pra fora do quarto.

Desci as escadas correndo e fui direto procurar minha mãe.

Agora eu deixo o coração falar por mim!

A zona da minha vida [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora