Capítulo 86

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Lua narrando

Acordei com o coração alegre, sorri pra mim mesma e me espreguicei na cama.

Finalmente o dia de saber o sexo dos bebês.

Levantei da cama e suspirei fundo, caminhei até a janela do quarto e vi o amanhecer do dia na favela, era sete horas da manhã, o sol já estava quase no topo do céu.

O vento abafado batia no meu rosto e fazia meus cabelos bagunçarem, não que já não estivessem né.

Senti que estava sendo observada e vi Junior me encarando. Meu coração errou uma batida, mas eu não neguei meus sentimentos, somente sorri.

Eu decidi deixar as coisas acontecerem naturalmente, sem neurose e sem botar a porra loca.

Quem tá namorando é ele, não eu!

Tem horas que eu penso que vou enlouquecer, por mais que eu queira negar, por mais que eu não queira demonstrar, eu queria muito que o amor dele fosse meu, e não dela!

Sai da janela e fui direto pro banheiro, escovei os meus dentes e  logo tirei minha roupa entrando no box. Liguei o chuveiro e senti um alívio com a água gelada batendo em meu corpo, não demorou muito e eu desliguei o chuveiro, peguei minha toalha e sai do banheiro enrolada.

Abri meu guarda roupas e peguei um vestido azul bebê, vesti e penteei meu cabelo.

Assim que terminei de me arrumar, peguei minha bolsa e meu celular, sai do quarto e desci direto pra cozinha.

Lua: bom dia família.- disse bocejando.

Isis: bom dia minha filha, como você está?- perguntou me encarando.

Lua: bem...- respondi.

Raul: vai sair que horas?- perguntou comendo um pão.

Lua: já era pra eu estar indo, a consulta tá marcada pras oito e eu já tô bem atrasada- respondi me apressando a comer.

Encarei um lugar vazio na mesa e meus pensamentos automaticamente voaram até Lucas. Ele não estava mais morando com nós, simplesmente decidiu que não era aqui que ele queria viver e foi embora, pra Califórnia!

Quando ele me contou, desejei ir junto com ele nem que fosse dentro da mala, mas eu não podia ir agora. Quem sabe depois que o trevo nascer...

Terminei de comer, levantei da mesa e sai de casa me despedindo dos meus pais.

Parei na calçada e peguei meu celular, ia mandar uma mensagem quando Júnior parou o carro na minha frente.

Js: demora da porra em- resmungou abrindo a porta pra mim.

Lua: educação mandou lembranças, bom dia pra você também- retruquei entrando no carro.

Coloquei o cinto e ele deu partida, fomos o caminho todo com ele dizendo o quanto eu só sei me atrasar.

Lua: eu vou chutar sua cara Júnior, para de me irritar- resmunguei brava.

Js: graças a Deus chegamos, não dá pra ficar no mesmo lugar que você- disse bufando.

Revirei os olhos, tirei o cinto e desci do carro. Olhei no relógio e já ia dar 8:30, entramos no hospital e fomos direto pra recepção.

Fiz minha ficha e tive que esperar por estar atrasada eles colocaram outra pessoa na minha frente.

Js: se não fosse lerda a gente já tava lá dentro- reclamou.

Lua: tenta ser rápido com uma barriga desce tamanho pra ver se dar certo, seu bocudo, cala a boca- retruquei cruzando os braços.

Js: vem calar princesa- afrontou com o rosto perto do meu.

Encarei sua boca e dei um sorriso de lado, quando dei por mim já estávamos quase se beijando.

Senti seus lábios nos meus, já estava quase me entragando ao momento quando vi a recepcionista me chamar.

Dei uma despertada e levantei do banco apressada.

Lua: vamos, estamos atrasados- disse sem graça.

Não consegui decifrar o que a cara dele queria dizer, parecia decepcionado. Mas eu não vou ser fácil assim, agora ele tem mulher!

Entramos na sala e cumprimentamos Vinicius que não parava de dizer o quanto éramos irresponsáveis, ele tinha virado um grande amigo.

Lua: chega Vinicius, bota essa joça pra funcionar- reclamei.

Viniciu: vou te contar viu, tomara que eles estejam com as pernas fechadas- retrucou fazendo cara feia.

Js: se eles tiverem com as pernas fechadas eu mesmo vou abrir, tão pequenos e acham que podem me fazer de besta- resmungou revirando os olhos.

Sorri ao perceber que ele estava tão entusiasmado quanto eu.

Viniciu ligou o aparelho e passou o gel na minha barriga, eu continuava como da primeira vez, me arrepiava ao sentir o gel gelado em contato com meu corpo.

Logo aquela sala gelada foi tomada pelo calor da minha emoção e o silêncio foi dando lugar ao som daqueles corações que pareciam bater descompassados.

Vinicius: opa, já descobri- disse sorrindo nos encarando.

Júnior me encarava com um olhar ansioso, eu retribuía com um sorriso que não cabia em meu rosto.

Js: para de enrolar Vinicius, vou arrancar seu pai fora aí quero ver como tu vai fazer- resmungou.

Lua: vocês dois são chatos em, vai logo Vinicius- disse ansiosa.

Ele negou com a cabeça sorrindo e pegou o mouse nos mostrando.

Vinicius: temos aqui três mocinhas e um meninão- nos disse alegre.

Senti lágrimas descendo em meu rosto, Junior não parava de pular. Não sabia se ria ou se chorava.

Ele veio até mim e me abraçou.

Js: nossos filhotes- disse ao meu ouvido.

Meu coração pulsava alegria. Eu estava feliz, por mim e por ele!

Naquele momento eu desejei que o tempo parasse e que aquela paz ficasse comigo. Tudo estava muito bom.

A zona da minha vida [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora