Cápitulo 80

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Alguns dias depois...

Lua narrando

Abri meus olhos tentando me acostumar com o clarão do sol, mais uma vez dormindo com a janela aberta.

Acariciei minha barriga que já estava um pouco grandinha pra quase dois meses.

Hoje eu teria a primeira consulta pra ver como estava o neném e por algum motivo, todos queriam ir comigo e isso estava me deixando louca.

Desde que eu acabei com o namoro eu venho tentando me manter firme e tranquila, não quero ficar chorando mesmo que tenha horas embaixo do chuveiro que eu acabo misturando a água do banho com as minhas lágrimas.

Eu não digo que superei porque eu não superei foi nada, mas eu preferi aceitar a minha dor e de alguma forma isso vem dando certo.

É como se eu estivesse voltado a quase um ano atrás quando eu entrei no morro e não tinha com o que me preocupar, mas diferente de antes, agora eu tenho um ser que precisa de mim.

Eu prefiro deixar a dor passar e espero que ele fique lá, sem me procurar e sem insistir.

Hoje eu posso dizer com toda certeza, meu filho não foi meu erro, ele foi meu acerto.

Levantei da cama me espreguiçando, caminhei até o banheiro e fiz todas minhas necessidades.

Sai do banheiro enrolada na toalha, peguei meu hidratante e passei no corpo.

Vesti a roupa que já estava preparada desde a noite, penteei meu cabelo.

Preparei na bolsa tudo o que seria necessário e sai do quarto indo pra cozinha tomar meu café.

Me sentei na mesa onde meus pais e Lucas estavam.

Isis: dormiu bem minha filha?- perguntou colocando café no meu copo.

Lua: não muito, essa barriguinha aqui oh- disse apontando- ta muito grandinha pra dois meses, será que está tudo bem mãe?- perguntei fazendo cara de preocupada.

Raul: claro que tá Lua- respondeu fazendo cara de paisagem- se não tivesse bem nós saberíamos né amor?- perguntou como quem queria acreditar nas próprias palavras.

Isis: certo- respondeu revirando os olhos.- já decidiu quem vai com você?- perguntou sorrindo.

Revirei meus olhos e suspirei fundo pela vigésima vez só agora de manhã.

Lua: eu tô quase indo sozinha- disse e todos me encararam- ué, vocês brigam como se não tivessem nada pra fazer da vida- falei brava.

Lucas: é que a gente quer estar lá com você- disse sorrindo- e como tio eu me sinto nesse direito- finalizou dando início a mais uma discussão.

Levantei da mesa brava, peguei um prato e coloquei pão e biscoito.

Sai da cozinha e fui em direção ao jardim de casa.

Me sentei na mesa que tinha um guarda sol e continuei a tomar o meu café.

Quanta confusão pra ver uma criança, por que eles não podem esperar mais uns sete meses?

Ouvi barulho do portão de casa abrindo e escutei vozes falando alto.

A vontade de correr e me esconder era grande, mas a preguiça falou mais alto.

Assim que eu terminei de comer, peguei as coisas e me levantei virando e dando de cara com todos me olhando.

Quando digo todos, eu digo: Luan, menor, Bianca, tia Raissa, tia Cíntia, minha mãe, meu pai, Lucas, Brian e Cecília.

Lua: porque vocês estão me olhando desse jeito?- perguntei assustada.

Ls: queremos saber quem você vai levar?- perguntou sorrindo- acho digno que o padrinho vá- disse abusado.

Bianca: claro que não né meu filho, quem tem que ir é a dinda e a priminha- disse sorrindo passando a mão na barriga.

Cíntia: e a tia avó fica como? Eu que vou ficar com essas crianças quando vocês quiserem sair- disse.

Raissa: ata que vai Cíntia- disse revirando os olhos- você vai querer ir junto e vai me largar com eles com certeza- retrucou cruzando os braços.

A essa altura eu já estava sentada de novo e assistindo aquela confusão toda.

Seria cômico se eu não tivesse realmente que escolher só um mesmo.

Menor: parem de brigar, é óbvio que ela vai me escolher, eu que vou morar com eles- disse dando risada.

Minha cabeça já doía de tanto que eles gritavam e isso estava me irritando.

Foi quando eu me lembrei da pessoa que eu menos queria ajuda, a pessoa que eu despensei ajuda!

Peguei meu celular rápido e mandei uma mensagem, ele era a única salvação.

Em menos de cinco minutos ouvi o barulho de carro estacionando em frente de casa.

Todos continuavam a brigar, mas de repente todos calaram ao ver quem tinha entrado.

Meu coração batia acelerado, parecia uma escola de samba. Eu fazia tanta questão de o esquecer e imaginei que tivesse conseguido, mas aí ele aparece e o meu amor volta a correr acelerado.

Js: eu não sei porque vocês estão nessa briga toda, o pai da criança sou eu e eu que vou estar lá com ela pra vê-lo pela primeira vez- disse e parecia orgulhoso de suas palavras.

Todos pareciam paralisados, parecia loucura minha, mas eu posso jurar que vi um meio sorriso em Luan e minha mãe. Mas menor não, ele me encarava com um semblante sério e eu não conseguia descrever o que aquilo significava.

Entrei em casa rápido e peguei a minha bolsa, saímos e ele abriu a porta do carro para que eu entrasse.

Parecia que ele também estava lutando para negar aquele amor que eu tinha certeza que existia.

Assim que ele ia girar a chave, sem exitar eu abri a minha boca e meu coração parecia querer sair por ela.

Lua: obrigada Júnior- disse e ele me encarou e balançou a cabeça.

Sem demora ele ligou o carro descendo o morro em direção ao hospital.

A zona da minha vida [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora