A zona da minha vida [Morro]

Capítulo 18

Bianca narrando

Depois que Lua virou as costas e saiu, comecei a chorar.

Era muito constrangedor escutar sua melhor amiga te tratando com indiferença.

Mas eu sabia que ela não tinha culpa, estava bêbada e ficou com raiva pelo o que o JS tinha falado, ela odiava que a chamassem de patricinha, exatamente pelo fato dela não ser.

Fiquei meia hora do lado de fora e uma angústia se instalou em meu coração.

Um sentimento ruim.

Algo não estava dando certo e todos meus pensamentos me levavam a Lua.

Ela já deveria ter voltado- pensava comigo mesma.

Lua não iria muito longe, mas talvez pelo fato de estar bêbada e a favela ser enorme, ela pode ter se perdido.

Sempre fui supersticiosa, mas eu sabia que a noite ficava perigosa na rocinha, vários drogados andavam por aí.

Aí meu Deus, a Lua ta por aí sozinha.

E pensando nisso saí correndo pra casa do JS e procurei o Menor, LS e meu irmão.

Rodei a casa inteira e os encontrei.

Bia: Eu preciso da ajuda de vocês- disse com a voz falha e chorando.

Br: o que aconteceu Bia?- perguntou se levantando.

Bia: a Lua, ela sumiu na favela- disse chorando- ela estava bêbada e com raiva, saiu andando por ai sem rumo e ela não conhece a rocinha- disse com a voz falha.

LS: calma Bianca- disse se levantando- vamos procurar ela- disse pra mim.

Menor: bora rodar a favela, pra longe ela não foi. Vou mandar um rádio pros vapores que estão de guarda na entrada do morro e vê se ela passou por lá- disse e se afastou.

JS: eu não vou mover uma palha por essa patricinha mimada- disse com raiva- mina abusada do caralho- disse.

Bia: para com isso JS- o repreendi- me ajuda por favor, só vocês conhecem essa favela, prometo que depois você não precisa fazer nada, eu levo ela embora- disse com esperança.

JS: vou ajudar por você Bianca!- disse com desdém- depois tu manda ela rala da minha quebrada- disse e eu concordei.

Saímos pra fora da casa e esperamos o Menor voltar, quando ele chegou não estava com uma cara nada legal.

Menor: mandei rádio pros vapores e nenhum deles viram a mina passar lá não- disse em tom preocupado- mandei rádio pros vapores que ficam na rua principal e ela também não passou por lá- disse.

Quando ele acabou de falar todos nos olhamos com a cara preocupada, até mesmo o JS.

Só tínhamos uma certeza!

A Lua estava perdida em algum beco do morro.

Conversamos e nos separamos pra procurar ela. Fui com o LS e meu irmão, e o JS foi com Menor.

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JS narrando

Confesso que me deu preocupação quando Menor disse que ninguém tinha visto a mina passar por lá.

Saímos pra procurar ela, fui pra um lado com menor e LS, BR e Bianca por outro lado.

Meia hora depois e ja tinhamos rodado o caralho do morro inteiro e nada de achar a garota.

Menor: onde essa garota se meteu- perguntou.

JS: não faço ideia mano- disse preocupado.

Mandei rádio pros caras descer com a Bianca e nos encontrar.

Quando eles chegaram começamos a falar de algum lugar esquecido.

Bianca: vocês passaram no beco sem saída?- perguntou se lembrando.

JS: porra- disse com raiva- esqueci do beco cara. Bora pra la, é o único lugar- disse.

Fomos andando e quando estávamos chegando na entrada do beco escutamos um grito estridente e nos olhamos.

Bia: É o grito da Lua gente- disse desesperada.

JS: vamos entrar logo, a mina parou de gritar- disse quando o barulho parou.

Corremos em direção ao beco e vi três caras batendo em alguém.

Não podia acreditar que era a Lua ali.

Na raiva peguei a arma que estava na cintura e dei um tiro na cabeça de um deles.

Bianca deu um grito e começou a chorar.

Atirei mais duas vezes nos outros dois caras e eles caíram mortos no chão.

Nos aproximamos pra ver se era mesmo a Lua e me deparei com a pior cena da minha vida.

A patricinha! Minha patricinha estava desmaiada e toda ensanguentada no chão.

Bia: não pode ser meu Deus- disse chorando e gritando desesperada.

Do nada a mina desmaio no colo do LS.

Menor: porra mano, bora tirar elas daqui. A Lua tá muito machucada, precisa ir pro postinho- disse desesperado.

Peguei Lua no colo, ela estava muito machucada, dava pena de ver.

Saímos com ela em meu colo e Bianca no colo de Luan.

Menor passou rádio pra um vapor e trouxeram um carro na velocidade da luz.

Entramos e demos partida pro postinho da favela.

Chegamos no postinho e logo fomos atendido.

Cheguei gritando é claro, sou dono dessa bagaça e quero ter preferência.

Alguns enfermeiros vieram com duas macas e colocaram Lua em uma, a levaram pra dentro e levaram a Bianca na outra, ela ainda estava desmaiada.

Não sabíamos o nome todo da Lua, deixamos pra fazer a ficha depois...

Nos sentamos na sala de espera.

BR tinha saído pra ligar pra tia Cíntia e pedir pra ela avisar os pais da patricinha.

Apesar de toda a confusão com a mina na festa, ainda assim eu estava preocupado.

E muito.