Capítulo 66

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Uma semana depois...

Lua narrando

Terminei de me arrumar e encarei Bianca que me olhava com um sorriso bobo no rosto.

Revirei meus olhos e peguei uma escova penteando meus cabelos que já estavam me irritando de tão grande.

Hoje era o dia que eu iria pra minha casa, por um lado estava feliz, por outro não.

Ainda não me apaguei ao fato de ter alguém dependendo de mim.

Desde o dia que que vim pro hospital, Júnior ainda não me procurou e eu também não fiz questão, mas sei que uma hora ou outra nós teremos que sentar como as pessoas civilizadas que não somos e conversar.

Eu também tenho que contar a ele sobre a Letícia, com tudo que aconteceu esqueci até de falar dela para o pessoal.

Provavelmente a piranha já está bem longe, mas de qualquer forma eu quero ela morta.

Não faço idéia do que está acontecendo comigo, só sei que ultimamente eu estou bem estranha, não consigo demonstrar sentimentos, não consigo me apegar a essa criança...

Ainda está tudo muito confuso e no meio dessa minha confusão tem um ser indefeso que querendo ou não é minha responsabilidade, ou melhor prioridade.

Terminei de pentear meus cabelos e guardei a escova na mochila, peguei minhas coisas e encarei Bianca.

Bia: está pronta pra enfrentar tudo isso?- perguntou curiosa.

Lua: nenhum pouco- respondi calma.

Bianca largou caminhou até mim e me abraçou, retribui o abraço.

Sentia muito a falta dela.

Bia: independe do que aconteça, eu sempre serei sua melhor amiga- disse baixo e suspirou fundo- vai com calma, você vai voltar a ser a Lua, mas talvez de um jeito diferente- completou.

Sorri e dei um beijo em sua testa.

Nos soltamos e encarei sua barriga enorme de quase seis meses.

Lua: quando vai fazer a ultra?- perguntei curiosa.

Bia: na próxima semana- respondeu com um sorriso largo- e você vai comigo- disse exigente.

Sorri de lado e balancei a cabeça.

Logo saímos do quarto e fomos andando em direção à porta de saída do postinho.

Chegamos no lado de fora e já demos de cara com menor cantando a filha do pastor.

Lua: desse jeito voce vai pro inferno garoto- gritei e ele me olhou revirando os olhos nos fazendo rir.

Menor terminou o assunto e veio correndo até nós.

Menor: porra Lua, tava quase pegando ela e você da uma mancada dessa- disse bravo.

Lua: você não pode chavecar a filha do pastor- falei revirando os olhos.

Menor: e por que não?- perguntou curioso.

Bianca: você vai pro inferno- respondeu segurando o riso.

Menor: quando eu chegar la me acerto com ele- disse nos fazendo gargalhar alto.

Fomos subindo o morro andando e na metade do caminho Bianca já estava reclamando.

Bia: eu não sei se vocês lembram mas olhem bem pra isso aqui- mandou apontando pra própria barriga- isso aqui pesa, eu não sei vocês, mas eu vou sentar bem ali- apontou pra calçada.

Caminhamos até lá com menor reclamando no nosso ouvido.

Lua: se voce não calar a boca agora, eu conto pro pastor!- ameacei o fazendo me encarar bravo.

Menor: você é muito chata mana puta que te pariu- resmungou.

Revirei os olhos e nos levantamos subindo o morro de novo.

Na verdade eu nem deveria estar andando, mas como eu não sou obrigada a nada, estou aqui de teimosia.

Chegamos em frente a nossa rua e sorri ao olhar o morro de cima pra baixo.

Nunca pensei que fosse sentir saudade desse lugar...

Caminhamos até o portão de casa e entramos.

Todos estavam sentados na sala conversando.

Minha mãe caminhou até mim e me abraçou apertado.

Falei com todos e mesmo não querendo, senti a falta dele ali.

Será que ele não vai me procurar? Tem algo dele comigo!

Depois de um tempo conversando com todos, subi para o meu quarto.

Abri a porta e arregalei os olhos ao ver que estava ali.

Sem demonstrar nenhuma reação, caminhei ate minha cama e me sentei.

Lua: isso seria lindo se não fosse clichê demais- resmunguei o fazendo sair da janela e me ver.

Júnior abriu um sorriso sem graça de lado e caminhou até mim parecendo nao querer me assustar.

Deu um beijo em minha testa e se sentou ao meu lado sem falar um A.

Naquele momento meus pensamentos pareciam ter despertado.

Eu que não queria nada disso estou aqui e fica meu pensamento, será mesmo que vou ser feliz?

A minha vida inteira eu desejei ser uma menina forte e feliz.

E agora eu vou ter que ser forte para tomar as decisões certas. Mas e feliz? Eu vou ser?

Junior: precisamos bater um lero- disse seco.

Lua: pode falar!- respondi rígida.

Ele me encarava com um olhar que não dava pra entender.

Júnior: eu vou ser bem direto- disse se levantando.

Tá, ele já tinha toda minha atenção, ia mesmo ficar enrolando?

Lua: to esperando...- disse cruzando os braços.

Júnior: Eu não quero esse filho!- disse me fazendo o encarar de boca aberta.

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