Capítulo 50

1.9K 159 30
                                    

Lua narrando

Já se passou um tempo desde que me envolvi com JS, desde que a barriga de Bianca começou a aparecer, desde que menor começou a se envolver com a filha do pastor, desde que Cecí e BR decidiram adotar e desde que comecei a receber algumas mensagens estranhas.

Sim, mensagens estranhas como ameaças.

Ninguém sabe ainda, porque eu não quero fazer confusão, mas a cada dia uma mensagem é mais assustadora e isso vem tirando meu sono.

Muitas coisas mudaram no morro, desde que chegamos pra viver essa realidade diferente.

Não tá sendo nada como eu imaginei, mas estou conseguindo entender todo esse mundo a minha volta.

Se passaram exatamente 4 meses desde minha primeira vez com JS, já perdi as contas do tempo em que nos mudamos pra rocinha, mas já me sinto em casa.

Ao meu ver as coisas estão estranhas por aqui, porque constantemente estamos vendo reportagens falando de invasão da polícia em morros rivais e aliados da rocinha, mas aqui não aconteceu nada, o que ja assusta a todos.

Os meninos se fazem de durões, mas todos nós sabemos o amor deles por essa favela.

Fui tirada de meus pensamentos com meu celular vibrando em cima da escrivaninha, me estiquei na cama e peguei vendo que tinha uma nova mensagem.

Abri a caixa de sms do celular e mais uma vez meu coração errou um compasso.

A hora tá chegando Lua, comece a se despedir de quem você ama. Será a última vez.
G.L

Lua: isso tá me assustando- susurrei com medo.

A cada mensagem que eu recebia, vinha as ciglas G.L, o que isso significa? Não faço idéia.

Mais uma vez o medo me corrompe, eu tenho várias opiniões sobre isso, mas meu maior medo é de alguém querer me machucar por estar envolvida com o JS.

Lua: eu não quero passar por isso sozinha- murmurei com os olhos inundados.

Levantei da cama com o celular na mão, me olhei no espelho pra ver se faltava alguma peça de roupa mas estava tudo ok.

Sai do quarto com pressa e desci as escadas tropeçando nos meus próprios pés.

Não tinha ninguém em casa, ainda era 16:30 e numa quarta-feira comum, todo mundo trabalha, menos eu porque JS não deixa.

Sai de casa fechando tudo e descendo o morro em direção a boca.

Sobre o JS não deixar eu trabalhar, isso é uma coisa tão incomodante que chega a me irritar.

Qual é, que mau tem querer meu próprio dinheiro? Ele me da as coisas e meus pais não me deixam faltar nada, mas eu nunca quis ser sustentada por ninguém.

Eu vou arrumar um emprego sim e quero ver quem vai me impedir.

Entrei na boca cumprimentando os vapores que ja me conheciam como patroa, era engraçado mas me irritava também ver esse povo todo achando que eu mandava neles.

A zona da minha vida [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora