Let me tell you a story

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Conheci Wendy Darling bem o suficiente para que fosse confiável narrar esta história. Eu tinha uma parte dela ao meu lado toda vez que toquei no papel para escrever, mas depois de um tempo todas as suas narrações se tornaram cada vez mais fáceis de visualizar.

Ela sofreu, amou, odiou, morreu e se revoltou das mais variadas formas. A história de como ela, meu amigo e meu irmão se conheceram sempre foi e ouso dizer que sempre será a minha favorita.

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Comecemos numa tarde sombria.

Para quem não conheceu Wendy Darling, de primeira alerto que a vida dela não é tão... pacífica quanto seu rosto. Pacífico não era o termo ideal. Tão plano, imperturbado, quanto seu rosto. Ela estava, agora, sentada na ilha da cozinha, olhando para a janela do jardim de trás. Mastigava alguma coisa sem gosto e seus pensamentos eram cinzas.

Era uma bela menina. De rosto bonito, talvez muito cansado. Os olhos de gato de rua, grandes e alertas, mesmo no tranquilo, captavam tudo. Uma vez, no quarto ano, um dos garotos de sua turma tinha dito que eles pareciam a cor que a água da piscina descoberta ficava no inverno. Ela não acreditou nele, mas era verdade.

Sentada na cozinha, Wendy existia com calma. Ninguém precisava saber, nem ela precisava lembrar o tempo todo, que no andar de cima seu quarto tinha as cortinas rasgadas e os travesseiros úmidos, porque ela chorava muito de noite.

Há um ditado que diz alguma coisa sobre quartos e mentes, mas não lembro muito bem. De qualquer forma, se alguma coisa no quarto de Wendy indicava algo sobre ela, era que estava sofrendo. Há algum tempo.

Havia sangue secando nas paredes.

Para começar a explicar porquê, vamos falar da mãe dela: a renomada Mirande Darling. Mirande era inglesa, na infância. Bonita, bem alta, cachos negros piche. Uma esteticista particular famosa em Seattle. Porém, quem via a mulher aparentemente jovem e bem-sucedida, não imaginava o ser humano falho que havia por trás daquele jaleco branco. Muitos se quer nem imaginavam que ela poderia ter uma filha de quase dezoito anos, quem diria um passado tão amargo.

De manhã, Mirande chegara em casa saltitando em direção a Gen, a governanta, para mostrar seu novo anel. O responsável por colocá-lo ali sequer sabia seu nome três meses atrás mas ela gostava de viver a vida como uma ingênua adolescente, se isso lhe fizesse sentir jovem. Wendy estava no mesmo cômodo. E Gen, que secretamente tinha um carinho irrevogável pela garota, não pôde fazer nada além de cobrir o rosto com a mão, soando decepcionada. Mirande sabia que sua filha odiava seus namorados, mas isso não a impedia de falar sempre deles.

The Peter PanOnde histórias criam vida. Descubra agora