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•Quando seus pés tocaram o chão de novo, Wendy apoiou as mãos nos joelhos e inspirou fundo, tentando recuperar o equilíbrio e fazer a cabeça parar de girar. O estômago embrulhado lembrava-a os surtos que tinha evolvendo montanhas-russas na infância.
"Talvez se você só..." Peter tentou se aproximar, ressentido. Ela levantou um dedo autoritário para que ele ficasse no lugar onde estava.
"Só me dê um minuto", disse. "Preciso ter certeza de que não vou vomitar."
E ele realmente esperou sessenta segundos para pronunciar uma palavra de novo.
"Eu devia saber que voar com você era uma má ideia depois de ter desmaiado daquele jeito."
Wendy não teve fôlego para explicar que o desmaio teve mais haver com choque do que com tontura.
"Escuta" disse ela, mais recuperada do enjoo. "Diferente de você, estou acostumada a manter meus dois pés no chão. A coisa de voar é novidade."
"Sinto muito se é demais para você", ele insistiu. "É que é a minha coisa favorita no mundo."
"Voar? Hm. Bom, é, não é tão ruim assim."
Peter sorriu de canto. "Seu rosto está meio verde."
"Não engano ninguém, né? Bom, juro que do começo para a metade parecia divertido. Como eu disse, talvez só me falte prática."
Isso tirou dele uma risada involuntária. Wendy, que àquela altura já tinha sentado sobre a grama para não vomitar, observou-o rir e sorriu junto. Peter era belíssimo à luz do sol — e, na Terra do Nunca, parecia sempre radiante, completo.
"Sente-se melhor?", ele perguntou, preocupado, notando que ela o encarava.
Wendy precisou piscar para se afastar dos olhos dele, com aquele brilho próprio. "Vou ficar bem. Pare de ser uma mamãezona."
"Ei!", disse ele, espalmando uma mão no peito, fingindo indignação. "Como você é mal-agradecida com meu carinho."
Wendy revirou os olhos. "Ah, pronto."
Peter também revirou os olhos, mas chegou perto dela para oferecer a mão mesmo assim. Wendy ignorou a mão estendida e se levantou por si mesma. Peter sorriu, divertindo-se, enquanto a assistia testar o próprio equilíbrio. O estômago ainda estava meio pesado, mas até que era razoável.
"Certo", ela disse. "Aponte a direção."
"Você é sempre tão mandona assim?"
"Quando estou de bom humor, sim."
Peter riu, mas apontou o norte com o queixo, já caminhando. Ela seguiu atrás, enfim se dando ao trabalho de olhar o lugar onde pousaram.
Aquela parte da ilha era por completo diferente da Floresta dos Tigres. Ao invés de grandes troncos como baobás, as árvores tinham suas copas bastante baixas, com folhas rosadas quase tocando suas cabeças e tranças coloridas descendo ao chão por toda parte. Ela se encantou secretamente com aquela folhagem cor-de-rosa variando de rosa-choque ao mais singelo algodão doce, e aqueles troncos e caules tão esbranquiçados quanto chantilly. Wendy costumava embrulhar o estômago ao encontrar qualquer coisa naquele tom de rosa, pois era a cor marcante de Angeline. Mas o desgosto pela cor, felizmente, não a alcançava ali, onde a beleza das árvores era imensurável.
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The Peter Pan
FantasyHiato (06/04/23) Ela queria sumir da face da terra. Ele a ajudou a fazer isso. O desejo de exílio da garota despertou curiosidade no garoto exilado. De um lado do universo, há uma ilha inteira em crise. Do outro, uma adolescente devastada que não...