Off we go!

1.8K 221 51
                                    

Não seja um leitor fantasma! Deixe seu voto e comentário para que a história continue!









"Puta merda."

Essa foi a primeira frase que Peter ouviu quando voltou do terceiro andar com uma pilha de caixas equilibradas nos braços. Seu cachos loiros despontaram de trás da pilha quando ele esticou o pescoço e piscou seus cílios clarinhos.

"Você está bem?"

Wendy estava no hall do segundo andar, sentada em um sofá velho com arabescos dourados descascando. Ficava entre duas janelas enormes, mas o sol estava muito cinzento. Ela tinha apoiado as botas-coturno esfarrapadas na mesinha de centro, ao lado de um busto de mármore de Otello bem empoeirado. Era uma imagem bem alternativa.

"Não é nada, eu só..."

Mas não parecia com nada. Suas mãos seguravam o celular, o brilho da tela refletindo no rosto e nos olhos enquanto eles tremiam de um canto a outro, lendo freneticamente.

Peter quase deixou as caixas caírem porque não estava ouvindo direito.

"Wendy?"

Wendy tirou as pernas da mesa, mas manteve a expressão séria de resolução enquanto lia e lia, atenta. "I'm fine", respondeu, alto para que ele ouvisse mesmo de onde estava, abafada pelas paredes.

Mesmo assim, Peter fez questão de deixar as caixas no corredor e foi até o hall aberto. Tinha cheiro de ar parado e madeira velha, mas, agora, misturado com um toque suave do shampoo que Wendy comprou para si no Walmart — que começava a aparecer por todos os cantos, principalmente no quarto.

Ele descobriu que gostava.

"Você carregou seu celular?", ele perguntou, ao atravessar o portal de entrada e analisar a cena. Uma das pontas do cabelo de Wendy era maior que as outras e cobria seu rosto de perfil quando ela se curvava daquele jeito. Outra coisa que descobriu que gostava.

"Tem 58 notificações."

Peter se sentou na mesinha de centro, mesmo sem ter certeza de sua resistência, olhando-a de frente. A luz das janelas que vinha de trás fazia-a parecer quase uma fotografia dramática, com aquela expressão seca mas cheia de emoção escondida.

"Sua família?"

"Pff. Tá legal." Wendy continuou rolando a tela e batendo as unhas no vidro, enquanto ele observava sem entender. "Em maioria, da minha terapeuta. Bem, não dá para dizer que não tem nenhuma chamada não atendida do meu irmão ou ameaça da minha mãe, pelo menos."

Peter suspirou, soando aborrecido. "Você não devia ler essas coisas."

"Tarde demais", ela suspirou. "Já li."

"Wendy."

Ela não respondeu, quieta e séria, olhando o celular como se se enojasse dele. Incomodado, Peter tentou se aproximar e afastar o aparelho da visão dela, mas Wendy o abaixou primeiro, franzindo o cenho daquela forma irredutível que sempre fazia.

"Estou bem."

"Largue essa coisa, então."

"Não importa."

The Peter PanOnde histórias criam vida. Descubra agora