Wolf impasse

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O circuito é uma porcaria. Ponto final.

Uma porcaria dolorosa, repetitiva e irritante. Foi enfeitiçado com alguma magia desgraçada que o faz mudar diariamente e se mover de maneira imprevisível, e assim nunca ficar mais fácil de verdade. Sempre que os jogadores sofrem por dias o suficiente para se adaptar, o circuito, ciente ou não, muda a estratégia até que todos, mesmo os mais experientes, terminem o dia se sentido a mesma coisa: iniciantes desajeitados e quebrados. As pontes, paredes, cordas, postes giratórios e seja lá o que aquela porcaria acolchoada e balançante fosse, pareciam todas numa única intenção: desmaiar alguém.

E para alguém "excepcionalmente distraível" como Wendy Darling, é um horror. Claro, já foi pior. No começo, ela mal conseguia se manter lá dentro por dois minutos até ser jogada para fora ou amassada contra uma parede com tanta força que se surpreendia de não acabar prensada como nos desenhos animados. Não, com certeza já foi pior. Ela conseguia ficar dez minutos. Doze era seu recorde máximo. O de Anthony era quarenta e cinco. O de Free, cinquenta e dois. Wendy não se incomodava, abraçava seus doze minutos com triunfo maternal, com esperança de superá-los, quem sabe, um dia.

Um dia que não seria hoje, disso tinha certeza. Hoje, queria mesmo é queimar essa porcaria toda.

Anthony acabava de passar à sua esquerda, desviando dos braços giratórios infernais daquele trecho. Free estava longe dali, escalando uma das paredes de corda. Wendy acabava de saltar por pouco para fora do alcance de um pedaço de madeira ágil que girava bem perto do chão.

Ela bufou.

Os sonhos tinham piorado. Repetiam-se quase toda noite agora. O mesmo enredo de sempre, tão constante que a irritava mais do que assustava. Ficara ainda pior depois da visita às ninfas, o que não a surpreendeu, não depois daquela visão perturbadora na clareira e o encontro com o lobo.

Aquele maldito lobo. Aquela era definitivamente uma peça que não deixava Wendy em paz. Certo, Peter a resgatara e levara de volta para onde uma Mare super animada comemorava a recuperação da árvore-sagrada. A ideia de reunir os poderes tinha funcionado, curado a ação do Caos no carvalho, ainda que não a grama. Eles contaram à ela no caminho de casa sobre o massacre da fera na clareira, os piratas e, consequentemente, o lobo. Foi aí que o problema começou. Mare ficara transtornada com a ideia de um lobo, ainda mais um lobo inteiramente branco, nos territórios de Àine sem que ninguém soubesse. Por algum motivo, Wendy não achou que eles se preocupassem com a segurança de ninguém, mas sim em encontrar o maldito lobo. Não fazia sentido, até que fez, quando Mare insistiu em fazê-los prometer que não falariam com ninguém sobre isso, principalmente não com Anthony.

Por isso, desde então, ela vinha mantendo aquilo revirando sua cabeça, deixando-a angustiada. Angustiada o suficiente para esquecer constantemente do presente, mesmo quando sua cabeça está prestes a ser atingida por uma grande parede mecânica que surge do chão assim que ela sai do trecho de postes giratórios. A pancada é forte o suficiente para que Wendy acabe de costas no chão e o maldito apito de Carter soasse enquanto ele surgia na visão atordoada dela.

"Será que pode me dizer", ele fala, com seu sotaque arrogante, apoiado nos joelhos para falar bem perto do rosto dela, "que porra foi essa?"

Wendy fechou a cara. Não estava nem aí para as dores, só não podia lidar com os sermões no momento. "Quanto tempo?", perguntou, ainda deitada.

The Peter PanOnde histórias criam vida. Descubra agora