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•Garoava calmamente lá fora.
Luke acabava de estalar as costas quando ela terminou de subir a escadaria e chegou à varanda fora da torre. Os sons de seus pés eram ruidosos e intrusos no silêncio mórbido do lugar, e ecoavam na dor de cabeça dele. O chiado voltou no ouvido esquerdo. Ele resmungou, logo antes de se impulsionar para fora da cadeira, lento e cansado, para caminhar até a porta — e abri-la antes mesmo que Wendy desse a primeira batida.
Ela vestia roupas esportivas. Ele não sabia julgar bem estilos. Tecido justo e flexível, sob um corta-vento, tudo em preto e magenta. O cabelo loiro perolado estava úmido, colando no rosto. Ela carregava uma mochila num dos ombros e uma garrafa térmica numa das mãos. Parecia vívida, como sempre. Wendy era relativamente bonita, da forma que algo pode ser bonito. Pálida e fria, mas tinha olhos calorosos e não se forçava. Luke geralmente gostava disso. Mas não naquela manhã. Não quando ele abriu a porta e a luz cegou seus olhos.
Ele piscou e esfregou os olhos. "Oi", saudou, sem humor.
Wendy arqueou as sobrancelhas. "Uau", ela assobiou. "Você está um caco."
Ele caminhou de volta para a cadeira de frente para os monitores. Estalou as costas de novo. "É. Devo estar."
Wendy deu passos para dentro da construção. Mais uma vez, ela só conseguia imaginar uma torre de firewatch estando na torre dezoito.
Luke estava completamente no escuro. Todas as janelas possíveis encontravam-se tampadas com persianas escuras, deixando para inúmeras telas de computador e quadros holográficos o trabalho de iluminar o único cômodo. O menino na cadeira reclinável, vidrado nas telas, sequer parecia se importar com a própria aparência, a falta de circulação de ar no quarto ou a bagunça de papéis, embalagens de bala e garrafas de água vazias rolando por aí. Wendy tentava chutar o máximo delas para fora da porta.
Luke fez careta. "O que você está fazendo aqui mesmo?", perguntou, entre cliques e digitação.
Wendy bufou, atravessando o cômodo. "Você dormiu?"
Luke puxou um dispositivo holográfico que retratava uma anatomia estranha no ar e o analisou, distraído, ao mesmo tempo em que bocejava. "Isso importa?"
Ela revirou os olhos, caminhou até a janela coberta mais próxima e abriu a persiana preta. A luz fez Luke chiar como um morcego. "Quê. Por quê? Argh. Wendiee...", reclamou.
Ela o ignorou, abrindo as outras. "Peter me avisou que você teria exagerado na dose de trabalho. O que fez a noite inteira?"
Ele tinha o rosto caído nos antebraços. "Feche as cortinas."
"Não."
"Argh." Luke esfregou o rosto. Wendy abria uma janela. O ar fresco e úmido até que era revigorante, mas a luz era insuportável.
"E então?", ela insistiu.
Luke bufou. "Estou tentando reativar a energia da Casa na Árvore e entender o que está afetando a magia."
Wendy estava chutando as garrafas para fora e recolhendo as embalagens. "Continuamos sem eletricidade. O que conseguiu até agora?"
Ele a observava limpar, com o queixo amassado na mão. "Não muito", suspirou, rabugento. "Preciso de energia e magia para ser eficiente. Estou usando um gerador para manter minha torre ligada, mas a magia ainda está imprevisível demais."
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The Peter Pan
FantasiaHiato (06/04/23) Ela queria sumir da face da terra. Ele a ajudou a fazer isso. O desejo de exílio da garota despertou curiosidade no garoto exilado. De um lado do universo, há uma ilha inteira em crise. Do outro, uma adolescente devastada que não...