The blue of tower eight

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Os papéis tinham se invertido como mágica. O sorriso bobo residia agora no rosto dela enquanto o observava, — meio emburrado, meio agitado —, as três mãos robóticas subalternas de Doze trabalhando nos machucados em seu ventre. A camisa preta levemente puxada para cima. Sua expressão intercalava entre caretas de dor, de quando os robôs se equivocavam na pressão, e olhares de raiva contida na direção da garota sentada perto da maca.

"Não me olhe assim, eu já disse, o que você esperava?"

"Qualquer coisa menos isso, eu acho. Devia ter imaginado, mas não imaginei mesmo que seria essa a sua reação. Quase arrancou todos os meus pontos fora, o que estava pensando, garota idiota?"

"Você começou. Eu só terminei." Wendy replicou, apertando os lábios para a risada perversa que ameaçava fugir.

"Terminou, claro, com um soco surpreendente para uma criatura franzina desse jeito, preciso admitir." Seu tom era irritado, claro, mas não tanto quanto antes, ela percebeu. O ar de implicância com certeza devia estar subjugando a raiva.

"Isso foi um elogio, imagino."

"Talvez Carter.. ugh... não vai ter tanto trabalho com você afinal. Com um soco desses, imagino o que ele diria."

Ela observou as próprias unhas, pensando no assunto. A cena do corpo de Nenzi se curvando diante de seu soco repassou em sua mente. Seu próprio rosto ficando pálido ao mesmo tempo que o dele quando ela se lembrou de que Nenzi tinha curativos embaixo daquela camisa e muito provavelmente tinham sido acertados. O quanto ela riu enquanto ele cambaleava em seus braços à caminho até a torre doze. O ódio nocivo nos olhos castanhos dele.

"Seus olhos estão bonitos agora." Ela tinha dito, vendo a carranca dele ficar mais odiosa.

O sorriso que a memória lhe trouxe fez com que Nenzi apertasse os olhos em sua direção. "Maldita."

"Seu jeito de me elogiar fica cada vez mais elaborado." Suspirou, descansando o queixo nas mãos. "Além do mais, como pode me chamar de cruel depois de eu ter sido tão atenciosa e praticamente te carregado até aqui?"

"Eu nem estaria aqui... argh... se não fosse... ugh... escuta aqui, Doze, é melhor você calibrar esses malditos dedos de metal antes que eu perca a paciência!"

"A tarefa está sendo realizada com a calibragem e pressão adequadas, no entanto, se você não se estabilizar, temo que continuará sentindo dor, Nenzi."

Os braços de metal continuaram o manuseio e ele arquejou de um pontada de dor outra vez, irritado. Wendy balançou a cabeça, sem acreditar no quanto ele parecia um bicho arisco algumas vezes. Ela se levantou, quase involuntariamente, ficando diante dele, que levantou os olhos, confuso. Ainda mais quando as mãos dela tomaram o algodão molhado de uma das mãos robóticas. Nenzi fitou-a, agitado.

"Com licença, Doze." Murmurou, e o braço de metal saiu, guardando-se. As duas outras mãos permaneceram cuidando de outras partes. O olhar de Nenzi era desafiador. Ela ergueu o queixo. "Se você não ficar parado, vai doer."

"E daí? Que se dane." Ele parecia prestes a fugir correndo, exatamente como um animal.

Revirando os olhos, Wendy ignorou a reprimenda e tocou a sutura recém-feita perfeita de Doze com o algodão. Nenzi estremeceu e puxou o ar pelos dentes. Ela deixou tombar a cabeça, encarando-o. Fique parado, dizia seu olhar. Eu sei, porra, ele respondia. Demorou um pouco, mas, de forma estressante e gradual, ele logo aprendeu a suportar sem se mexer. Uma das mãos de Doze restava cuidando de um curativo enquanto Wendy separava os materiais para terminar outro.

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