Being between twins (part 2)

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A noite passou-se meio caótica. Wendy acordou várias vezes durante o sono, desesperada, tremendo, mas seu corpo não estava congelado. Estava respirando e coberta, deitada ao lado de uma Mare tranquilamente adormecida. Evitava se levantar para não acordá-la, respirava com cuidado, lutando para mergulhar de volta ao sono por mais complicado que fosse. Na escuridão, nos sonhos, o gelo sempre voltava, o frio. A voz de Aurora.

"Você sabe o que vê. Sabe o que o mundo se torna quando você sonha acordada... Sabe que há uma batalha que sua mente está travando para esconder que tudo isso é familiar tanto quanto é estranho."

O frio a invadia, seu coração não tinha forças nem para acelerar, lento. Gelado.

"Te tratando como vidro." Sussurrava a rainha.

Mas Wendy sempre acordava, agitada, tremendo de frio mas desperta. Sabia que aquela coisa que sentiu quando retornou do mundo das fadas ainda estava ali, olhando para ela. Sabia onde estava, o que estava fazendo, mas ela não tinha medo. Sempre voltava a dormir. A ponta dos dedos travada, por conta do frio.

💫

Na manhã seguinte, quando acordou, a primeira coisa que Wendy notou foi o pequeno post-it amarelo colado na testa. Ela riu e leu o bilhete curto e excêntrico de Mare:

Dsclp. Reunião de emergência. :(
Vá para a torre 7 tomar café. Deixei a chave na porta. :)
xoxo  M.

Jogando o papelzinho no travesseiro, ela se espreguiçou. Usou do armário, que lhe colocou pela primeira vez em roupas de manga colada ao corpo, com um capuz impermeável nas costas e botas emborrachadas de cano longo, surpreendendo-a. Com seus tons cinza e azul, a roupa era harmoniosa, como todas as escolhas do armário, protetora e ainda assim casual e bonita... mas não parecia adequada. Seria esse o primeiro erro das pixies do armário?

Porém, enquanto analisava as galochas azuis com certa estranheza, um estrondo abafado a assustou. O som era familiar e Wendy correu para o andar de baixo afim de confirmar sua teoria. Era verdade, pela primeira vez desde sua chegada na Terra do Nunca, o céu estava cinzento e a chuva caía, suave mas constante, molhando a parede de vidro do ateliê de Mare.

Estranho. Foi o que pensou, apesar de não entender porquê a súbita curiosidade com a chuva. Chuva era tão normal quanto o sol em Seattle.

Saindo pela porta e trancando-a, Wendy virou-se para a chuva prateada. Por algum motivo, se sentia eufórica com aquele clima. O cheiro das plantas de Mare ficava ainda mais atraente com a chuva, além da visão de toda a Floresta dos Tigres encharcada ser bem interessante de se ver.

Ela apertou o capuz e enfrentou a garoa, caminhando pela passarela. A roupa fazendo sentido enfim, mantendo-a seca e quente o máximo possível. Ter passado por um estado de semi-congelamento com certeza não compactuava com banho de chuva no momento, mas ela não se importou, observando a floresta abaixo lidar com clima. Aves voavam apressadas, pequenos bichos parecidos com toupeiras emergiam do solo para ver a chuva e alguns tomatinhos curiosos escorregavam na lama.

Quando parou de observar e lembrou de sua fome, Wendy se apressou na direção da Torre 7 e, ao chegar na curta parede de escalada, viu a silhueta familiar de costas, indo na direção da entrada. As cores eram o que mais lhe entregavam, ninguém mais usava preto assim.

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