14. o Hugs

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Depois de entrar pelas laterais e de Mitch cumprimentar alguns caras daquele andar, descemos cinco lances de uma escada metálica, que chacoalhava com os gritos e o som alto vindo de uma banda de punks que ficavam entre os outros dois andares. 

Parece que estamos num grande subsolo de um estabelecimento. Era como um fosso, os andares são só sacadas estreitas, exceto o espaço onde fica a banda e tenho quase certeza que esses andares estreitos são estrategicamente posicionados para quem esteja se apoiando nas barras de ferro em cada andar, assistir ao ringue principal lá embaixo.

Um ringue cercado de garotos, garotas, gente nova demais ou velha demais para estarem a uma hora daquelas tão tarde aos berros e agarrando as grades de proteção, aclamando os nomes das duas figuras que se abatem lá dentro como se estivessem em uma cova de leões.

- Está tudo bem? - Zayn perguntou, apoiando uma mão em meu ombro e me olhando com uma preocupação sincera.

- Cheira ruim - tento disfarçar o quão assustado realmente estou.

- Estamos num porão, é o subsolo gigantesco da taverna do Hugs que funciona só até o entardecer – ele sorriu apontando para o ringue - e durante a noite se transforma numa casa de apostas.

- Luta clandestina? - perguntei alto demais e mesmo com a música ensurdecedora, Leigh-Anne me ouviu e riu do meu assombro.

- O Mitch só vai assistir essa noite porque está cansado da última semana, ganhou todas - explicou - ele conseguiu ganhar até mesmo do Will!

- O Will vai lutar - Zayn comentou animado, esfregando as mãos e ficou na ponta dos pés para procurar algo ou alguém entre as pessoas.

Só quando estava voltando com um garçom que eu percebi que Mitch havia se afastado. Ele distribuiu bebida para todos, mas obviamente eu não aceito.

- O Louis faz essas coisas aqui também? - perguntei e comecei a procurá-lo como Zayn fazia.

- Eu vou lá, tenho que recolher o dinheiro das apostas dele. Leigh, você toma conta do meu amigo?

A pergunta foi retórica, mas ela gesticula firmemente para passar confiança, apesar de eu não ter tanta certeza sobre isso porque assim que Zayn se afasta e me deixa todo estabanado, confuso e assustado, Leigh-Anne se vira para um grupo de rapazes e beija um deles, sem pudor, completamente alheia a minha presença.

Engoli seco e desviei dos corpos em minha frente, tentando fazer o mesmo caminho que Zayn, mas sou abruptamente interrompido quando meu punho é agarrado por uma mão fria e repleta de cicatrizes.

- Perdido? - Mitch se aproximou do meu ouvido para que eu lhe ouvisse acima do som, mas não soltou meu pulso.

- Acho que não - me afasto um pouco e continuo caçando com os olhos - só estou procurando o Zayn.

- Você não pode entrar lá - ele mostra o ringue, agora há poucas cabeças em nossa frente porque estamos mais próximos do ponto em questão - tem que esperar a luta acabar, mas eu posso te fazer companhia até o Zayn voltar, o quê acha?

- Hum - abraço meu próprio corpo e troco o peso dos pés, por nervosismo - pode ser.

No mesmo instante, a banda pausa e um homem de meia idade anuncia aos berros a próxima luta. Quando ele cita o nome de Louis como Will Tomlinson, o público vai a loucura e me sinto preocupado porque não são como aquelas lutas formais com um técnico na escola. Não há um juiz e o adversário dele tem o apelido de "touro" o que me faz pensar na barbaridade que deve ser.

Quando Louis entra, não consigo me conter. Eu aperto e envolvo meus próprios braços com muita força e meu coração dispara de uma forma perigosa. Ele usa um protetor de boca, mas não usa luvas de boxe e só veste um calção azul fino na altura de sua coxa.

stay in my arms if you dare (larry)Onde histórias criam vida. Descubra agora