21. sem escolha

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"A tristeza de um amor proibido
é a eterna lembrança
do sabor amargo do pecado."
Dyll Almeida.

Diana sempre foi o sonho de nora para minha mãe. Diana estudava em uma escola cristã, na capital, e voltava à cidade aos domingos para auxiliar seu pai na direção dos cultos.

Os Potters, a família da qual ela pertence, possuíam uma vida confortável, assim como a nossa. Marcus Potter, o pai de Diana, é um pastor muito respeitado na comunidade. O homem de Deus, fora da igreja, é dono do único supermercado da cidadezinha de Bennett e deixa as mercearias e conveniências concorrentes, às moscas.

Numa cidade de pouco mais de vinte mil habitantes, uma moça como Diana é um trunfo para mães como a minha. Embora eu tenha certeza de que se Kendall fosse cristã, pelo dinheiro, ela seria a primeira escolha que minha mãe faria.

Diana, para piorar o meu caso, é simpática e bondosa. Eu queria detestar a garota pela situação em que nos envolvemos, mas nem é possível olhar de cara feia para ela.

Minha mãe e eu estamos sendo recebidos no hall da casa, por Marcus e Diana. A mãe dela, a Sra. Potter, está no cômodo ao lado preparando a mesa de jantar. O cheiro parece ótimo, mas qualquer coisa agora embrulha o meu estômago.

Mesmo que ajam como se fosse casual, todos sabem o motivo da visita e a ansiedade de nossos pais é sufocante. Pode se dizer que o pastor sempre foi um cúmplice dos velhos desejos de minha mãe em me tornar marido de sua filha num futuro promissor.

- Suponho que o senhor Styles esteja viajando a trabalho.

- Uma grande conferência em Nova Iorque, mas ele estará de volta em dois dias.

- Ele é um homem trabalhador, o admiro muito, que Deus o abençoe.

E um agressor, eu penso e minha cabeça até arde, meus olhos piscam por nervosismo e raiva. Minha mãe me olha apreensiva como se lesse esses pensamentos negativos e força um sorriso para o pastor.

Diana continua quieta e sorrindo complacente para tudo. Ela responde educadamente, para todas as perguntas propositais de minha mãe, sobre qualquer coisa que prove para mim que Diana é uma garota incrível. Ela fez intercâmbio na Europa, participa do grêmio estudantil de sua escola, trabalha com projetos sociais que distribuem alimentos aos mais necessitados da capital, em parceria com a igreja. Como se a escolha de casar fosse realmente minha.

Ela é linda, tem cabelos cacheados até a altura da cintura e olhos violetas de tão azuis, mas os azuis dos olhos dela não chegam nem perto da beleza dos olhos azuis de Louis. E ela não tem o sorriso dele. O dele é só para mim e ele sempre sorria involuntariamente, sem perceber. O sorriso de Louis sempre faz linhas como ruguinhas bonitas e eu mal posso desviar o olhar dos dentes pequenos dele. O sorriso de Diana não tem nada de especial.

Nós vamos à mesa de jantar onde o irmão de Diana, Caleb, agora também está. Se ela é bonita, Caleb é de uma beleza impressionante. Eu passo tempo demais o encarando e só desviei o olhar quando ele me flagrou. Me sinto culpado porque se fosse há três meses atrás, eu justificaria a culpa por ser errado admirar tanto um homem como fiz, mas agora, me sinto sinceramente culpado porque é como se eu desrespeitasse Louis de alguma forma, embora nem tenhamos denominado o que tínhamos, antes da minha mãe intervir com o casamento arranjado.

- Soube que você vai se candidatar para Harvard – a Sra. Potter se dirigiu a mim com empolgação e pela primeira vez, pensei por conta própria em relação ao meu futuro.

Meus pais querem medicina, mas eu não quero. Por muito tempo eu acreditei que queria, mas a verdade é que eu amo escrever e amo o que faço no jornal da Bennett.

stay in my arms if you dare (larry)Onde histórias criam vida. Descubra agora