"Feliz ano novo!", ele me disse. Eu olhei para ele por poucos segundos e sorri. As pessoas ao nosso redor gritavam e se abraçavam, enquanto observávamos o show de fogos de artifício muito acima de nós. Ele não disse mais nada, muito menos eu. Fiquei ali só a imaginar até quando aquela euforia iria durar. Até o carnaval, talvez? Há quem diga que o ano só começa realmente depois do carnaval. Para mim, começou no dia 26 de dezembro, quando vi todos se prepararem ansiosamente pelo ano que estava por vir. O ano é novo, sim, mas já não sei dizer se as pessoas são. Quem garante que cada uma dessas pessoas que estão aqui não vão fazer exatamente as mesmas coisas que fazem em todas as viradas de ano? Como, por exemplo, dirigir de volta para casa bêbado, ou ir pra casa de alguém que conheceu aqui, ou simplesmente voltar para casa, tomar um banho e ir dormir. O que tem de novo em tudo isso?
Já faz um longo tempo que não sou uma pessoa nova. Os anos passam e eu sempre estou aqui, nesse mesmo lugar, observando as pequenas mudanças, mas principalmente as coisas que nunca mudam.
Eu sorrio para mim mesma ao notar que o rapaz ao meu lado parece entender onde quero chegar sem nem mesmo falar. Também acho que devo estar ficando louca, mas já não me importo mais. Virei-me para ele e perguntei: "Quer ir a um lugar diferente comigo agora?". Dessa vez, foi ele que sorriu. "Eu só estava esperando você me convidar".
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Deixe-me lhe contar...
Short StoryVocê já imaginou enxergar o mundo pelos olhos de outra pessoa? Saber quais são suas expectativas, seus sonhos, suas dores e seus dilemas? Imagine, por apenas um minuto, como é ver o dia, a noite, o azul ou o branco por outra perspectiva... Quando pe...