(Música para ouvir: "Million years ago" - Adele // vídeo)
Não sei mais.
Vejo o céu nublado daqui. Nuvens pesadas ameaçam chover, mas do céu nada cai. Apenas eu caí, e permaneci aqui. O asfalto está frio, como se chuva tivesse lhe aguado, mas nada passa por ali a muito tempo...
Está tudo deserto. As ruas, as casas, as praças, as vidas. Nada se move, nada se renova, nada prospera. Tudo permanece congelado às 17h30 da tarde, como se não conseguisse decidir se ainda é tarde ou se já começara a noite.
Meus braços e pernas estão esticados, como se eu fosse uma estrela do mar que morreu pela falta de água. Seca, fria, dura e morta. Nada me parece ter vida. Nada respira. Tudo se foi.
Quero me levantar e voltar a andar pela cidade aos gritos, acordando os entorpecidos e dando vida aos que estão em estado de estupor. Mas não tenho mais força. Tudo me foi sugado, só me sobra um coração que mal bate, e me ameaça a cada batida, como um sinal de que algo está errado, e precisa encontrar desesperadamente algo que acerte.
Se eu disser que sei o que me acontece agora mesmo, estarei mentindo para mim, para você, e também para tantos outros. Nada me instiga, me anima, me atrai. Tudo, agora, ganhou tons furta-cor de cinza.
Não vejo cores, movimentos e nem mesmo ouço batidas.
Odeio como estou agora. E temo tornar-me o que sou no momento. Só mais um pedaço enorme de carne que sangra e chora.
Sei o caminho que devo seguir, mas meus pés doem, e a alma pesa. Nada parece mais o mesmo, e isso só faz com que eu queira permanecer aqui, com a coluna colada ao chão e as mãos fincadas no pavimento.
Minha trilha surgiu quando eu ainda tinha vida, e se esvaiu quando não me encontrou mais aqui.
E, até agora, não sei bem onde estou.
YOU ARE READING
Deixe-me lhe contar...
Short StoryVocê já imaginou enxergar o mundo pelos olhos de outra pessoa? Saber quais são suas expectativas, seus sonhos, suas dores e seus dilemas? Imagine, por apenas um minuto, como é ver o dia, a noite, o azul ou o branco por outra perspectiva... Quando pe...