Estupor (Gritos do desalento - parte II)

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(Música recomendada para ser ouvida durante a leitura: "Friction" - Imagine Dragons//vídeo)

Eu quero largá-lo

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Eu quero largá-lo. Mas acho que seu ser já é intrínseco a mim. Me indisponho a carregá-lo comigo, mas nunca tenho voz. Quando menos espero, ele está ali a me vigiar, como se ameaçasse esmaecer tudo o que acabei de construir.

Não gosto do jeito que ele me tem, nem do jeito que me faz sentir. Sempre que está por perto, um peso enorme me cai sobre os ombros e me curva a coluna. Fico cabisbaixa. Quieta, silenciosa, muda. Olho para o chão e espero me afogar em minhas lágrimas.

As noites com ele são quase insuportáveis. Por mais que ele não consiga me tirar o sono, sempre adormeço com o coração pesado e a alma arranhada. Tento me reerguer no dia seguinte, mas ele se agarra em meu corpo e me faz sucumbir ainda mais.

Não estou sabendo viver. Acho que desaprendi o que é isso no momento em que ele chegou sem nem dizer "olá". Quando percebi, ele já tinha tomado conta da minha casa, meus pensamentos, meus sentimentos, minha vida. Ele ocupou todo o meu ser e deixou a atmosfera mais densa. Não sei mais como respirar, e temo morrer lentamente em consequência disso.

Peço que, ao vê-lo, não se aproxime. E se proteja ao senti-lo se aproximar. Pois, quando ele entrar, se recusará a te abandonar.

Deixe-me lhe contar...Where stories live. Discover now