(Música recomendada para ser ouvida durante a leitura: "Furacão" - Scalene // vídeo)
Se o silêncio me assusta? Bem, talvez um pouco. Mas é nele que eu sempre me acho.
Se a noite me aquieta? Não sei lhe dizer. Só sei que é com ela que sempre me reinvento.
Se tenho medo de me perder? Sim, e quem não tem? Mas só eu entendo minha bagunça, então ninguém mais poderá se arriscar.
Daqui eu o vejo. O céu imenso, parecendo não ter fim... Ele me encara e eu o encaro de volta. E é desse jeito que a noite se arrasta... Algumas palavras, uma agenda feita à mão, talvez um café e um pouco do mal-estar diário que me aflige.
Eu o olho e o pergunto o que devo fazer. Ele nunca me respondeu, mas acredito que se pudesse, ele choveria, ou me deixaria agraciada com a presença da estrela mais brilhante já vista por ali. Mas acho que ele não me escuta. Na verdade, nunca me escutou. Devo ser para ele apenas a louca que grita palavras de insegurança quando a noite se cala.
A música continua a tocar enquanto me perco noite adentro, embalada por um silêncio onde apenas um coração bate forte, mesmo ameaçando parar. É presa a loucura que me vejo, e nunca me senti mais sã. Vejo borboletas passarem por minha janela e quero segui-las, mas não tenho asas. Então, coloco meus pés no chão e corro atrás delas enquanto elas correm de mim. Nunca me senti mais leve, mais livre... Não sei para onde ir, ou para onde seguir, mas sei que não devo ficar aqui. É quando o vejo, o furacão, aquele que me levará para onde eu sempre quis ir. Onde é esse lugar? Não sei. Talvez nem ele mesmo saiba. Só sei que talvez esse lugar more dentro de mim.
**Crônica publicada no Jornal Literário "Letras Santiaguenses", ano 22 - nº 128 - março/abril 2017, Santiago/RS
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Deixe-me lhe contar...
Short StoryVocê já imaginou enxergar o mundo pelos olhos de outra pessoa? Saber quais são suas expectativas, seus sonhos, suas dores e seus dilemas? Imagine, por apenas um minuto, como é ver o dia, a noite, o azul ou o branco por outra perspectiva... Quando pe...