Você já imaginou enxergar o mundo pelos olhos de outra pessoa? Saber quais são suas expectativas, seus sonhos, suas dores e seus dilemas? Imagine, por apenas um minuto, como é ver o dia, a noite, o azul ou o branco por outra perspectiva... Quando pe...
(Música recomendada para ser ouvida durante a leitura: "Loucure-se" - Scalene//vídeo)
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Toda tarde eu estava lá, sentada no mesmo local, com minha caneca de chocolate quente na mão e meus fones devidamente colocados em meus ouvidos. A batida da música era leve e trazia-me certa calma. O vento fazia meu cabelo balançar, assim como as plantas que ali haviam. Eu estava sozinha, e ali de cima dava para ver quase toda a cidade. Eu não morava num bairro movimentado, mas sempre tinha crianças correndo atrás de uma bola bem no meio da rua. Adultos passeando com seus cachorros, e gatos – independentes como são – passeando sozinhos. Sempre havia uma senhora de idade avançada espreitando pela janela ou sentada numa cadeira precária na calçada da casa.
Aqui, nada nunca muda. É sempre a mesma coisa. As mesmas pessoas. As mesmas formas de se divertir, para comer, ou simplesmente para sair e passear. Estou presa em um local que parece ter congelado no tempo e se recusa a prosseguir.
Às vezes me pego olhando para o horizonte e imaginando – pelo menos por poucos minutos – como seria sair daqui. Ver pessoas diferentes, em outros locais, com pensamentos distintos... Fico imaginando como seria ver alguém de cabelos coloridos e sonhos impossíveis, assim como eu. Como seria esbarrar em alguém e pedir desculpa para o desconhecido. Algumas vezes me pego pensando em como seria me perder, sozinha, num amontoado de pessoas. Necessitar ser achada, mesmo sem saber por quem.
Sei que tudo isso não passa de devaneios de uma garota diferente demais para se encaixar em certos requisitos, e muito estranha para seguir padrões.
Eu só queria subir em um balão e ver as nuvens lá de cima... Loucura demais, não? Mas, como é dito em uma das muitas músicas que não paro de escutar: "Quem vive sem loucura não sabe o que é ter o real livre arbítrio em si".
