(Música recomendada para ser ouvida durante a leitura: "Phi" - Scalene // vídeo)
Sim, eu sinto falta, sim. Das manhãs de sóis e de chuvas. Da cama quente ou até mesmo dela fria. Dos seus braços ao meu redor ou de seus pés andando pelo quarto. Das suas roupas coloridas e dos seus olhos escuros. Do seu temperamento calmo e das suas mãos inquietas.Sinto falta das tardes de domingo e das noites de quinta-feira. Das melodias esquisitas e dos passos desordenados. Da vida agitada e simbólica que levávamos.
Mas nunca senti falta das segundas-feiras corridas ou dos sussurros ao telefone. Da distância ao andar na rua ou dos sorrisos comedidos na frente de estranhos. "Vai passar com o tempo", você me dizia. O tempo passou e te arrastou com ele. Agora me vejo aqui sozinha em meio a esses lençóis que também sentem sua falta.
Se eu dissesse que sei o que fazer, estaria mentindo para mim e para você. E talvez eu faça isso até acreditar que é possível. Até que eu fique bem. Até que meus pedaços se reorganizem e eu possa ser eu novamente. Ou talvez isso nunca aconteça. Talvez aquele pedaço que você levou ao partir seja a base de tudo. E o que é pior? Você não vai voltar. Eu continuarei sozinha aqui enquanto você encanta a outros com seu sorriso e eu me perco em minhas lágrimas.
Mas sempre soubemos que seria assim, não é? Pelo menos eu sabia. E desconfio que você também. Se alguém um dia me perguntar por que fiz isso, responderei que talvez tenha sido por você, ou por mim, ou pelo que poderíamos ser. Provavelmente direi que não sei.
Mas eu sei. E sei quevocê também.
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Deixe-me lhe contar...
Short StoryVocê já imaginou enxergar o mundo pelos olhos de outra pessoa? Saber quais são suas expectativas, seus sonhos, suas dores e seus dilemas? Imagine, por apenas um minuto, como é ver o dia, a noite, o azul ou o branco por outra perspectiva... Quando pe...