Mar de gente

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Estava quente demais

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Estava quente demais. A água em minha mão já tinha começado a esquentar. Sempre que um bloco subia a ladeira, tudo ficava abafado, mas nem assim as pessoas paravam.

Foi quando o vi. Ele estava do outro lado da rua, com uma linha de glitter laranja bem abaixo dos olhos, que eram verdes demais. Sua amiga talvez tenham gritado "vai, dança!" pra ele, mas ele pareceu não se importar. Ela não ficava parada, enquanto ele parecia só estar ali em corpo.

Continuei olhando para ele daqui, escondido numa simples máscara preta, ouvindo a banda tocar enquanto um casal se beijava aqui, ali e também lá. Seus olhos pareciam desatentos, enquanto os meus não perdiam nenhum movimento.

Até que ele olhou, e eu olhava também. Nossos olhos se encontraram ali mesmo, enquanto a banda tocava uma música conhecida a qual eu não me recordava. Sem querer, eu sorri. Se não foi o sol, ele ficou vermelho. Eu ri daqui, e uma risada ele deu de lá.

Entre nós dois havia uma rua estreita abarrotada de pessoas fantasiadas de tudo o que se puder imaginar. Dos minions ao Drácula, todos estavam lá. O que eu queria fazer? Atravessar aquela gente e lhe perguntar como estava sendo o carnaval dele. Mas não fiz isso. Fiquei aqui parado enquanto meus amigos dançavam ao meu redor.

Sem entender o que acontecia – ou o que estava para acontecer – o vi dizer algo no ouvido de sua amiga e então vir em minha direção. Com um pouco de dificuldade e quase sendo levado, ele atravessou aquele mar de gente e parou bem em minha frente. Foi inevitável não sorrir. "Eu posso te dar um abraço?", perguntou-me ele, próximo ao meu ouvido. "Pode sim, por que não?", respondi, e ambos sorrimos. Enquanto ele me abraçava naquele calor infernal, ouvi tocar ao longe: Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval.

Deixe-me lhe contar...Where stories live. Discover now