Capítulo 5

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Nós não tocaríamos mais no festival, porém tinha várias bandas legais que eu adorava, então acabou que decidi ficar, na verdade o que eu estava pensando? Eu decidi ficar porque torcia para encontrar Emmett novamente e ter mais um pouco dele antes de ir embora e nunca mais vê-lo. Essa possibilidade fazia com que meus pensamentos entrassem em combustão e eu já nem me identificava mais como sendo a Trinity de sempre.

Eu estava ali no camarote, ouvindo uns sons legais, mas meus olhos procuravam pelos dele na multidão. E eu me odiei por não encontrar, como se isso fosse culpa minha. Peeta era o único que me fazia companhia, já que Ryan e Kellan deviam estar correndo atrás de mulheres lá embaixo, dois idiotas de mão cheia e mesmo tendo um amigo comigo, parecia que eu estava sozinha e abandonada. Uma sensação tão estranha em um ambiente que eu verdadeiramente amava.

- O que aconteceu entre vocês, Miles?

Boa pergunta. Nem eu sabia o que tinha acontecido. Foi tudo tão rápido que eu sequer tive tempo para pensar sobre isso.

Peeta era o mais observador dos três e algumas vezes essa sua percepção fácil das coisas ajudava, em outras apenas atrapalhava... Alguns dias que eu queria apenas ficar sozinha e pensar em como as coisas seriam no futuro. Odiava quando alguém me olhava como se entendesse cada parte do pensamento que eu não transparecia para o mundo e meu amigo era esse alguém. Ele se sentava ao meu lado e ficava quieto assim como eu, as vezes até arriscava bolar uma música nova, mas não falava nada, aderindo ao silêncio confortável entre nós dois.

Em alguns shows e turnês eu não saía depois, ficava na suíte presidencial que dividíamos e era bom tê-lo ali, comigo. Ainda mais porque ele tinha problemas que eram parecidos com os meus. Me ajudou muito apenas ouvindo o que me afligia e eu fiz o mesmo, então nossa ligação era ainda mais forte do que com o resto. Peeta me entendia e Peeta sabia o porquê eu me trancava em mim mesma durante muito tempo. Sabia como a minha mente era completamente fodida.

- Nada.

- Você ao menos pegou o número dele? Nunca te vi assim e talvez valha a pena investir.

Nunca me daria por completo a alguém novamente, não quando eu estava mais quebrada do que uma simples cola poderia consertar. Em cada pedaço do mundo que cantamos, era uma parte minha que ficava e quem quisesse consertá-las levaria um bom tempo para sequer encontrá-las.

- Não. E não daria certo também.

- Para uma mulher tão decidida quanto você, isso me surpreende. Não faça como eu Miles, eu tive minha chance e deixei passar. Agora, cada maldito pedaço de mim quer voltar atrás e encontrar novamente um motivo pra sorrir.

Era a primeira vez que ele falava tão sério sobre o assunto. Eu já imaginava o quanto a situação o machucava, mas não sabia que era tanto...

- Por que não foi atrás?

Nós estávamos mesmo discutindo sobre o campo amoroso, enquanto a música no palco falava sobre o quanto o amor era uma bosta. Eu não concordava, mas também não queria aquilo pra mim. Não quando eu sabia o quanto machucava amar alguém.

- Eu tive medo. Fui um bosta, de verdade... Mas, agora eu sei que ela tinha toda a razão.

O que tinha acontecido com ele era um pouco barra pesada e Peeta se culpava o tempo todo por ter deixado que as coisas chegassem onde chegaram. O grande problema da vida era esse, a gente se arrependia por coisas que não poderíamos mudar. Eu tinha minha cota de arrependimentos, eles também e eu suspeitava que todas as pessoas no mundo já se arrependeram de alguma coisa nas suas vidas. Isso era do ser humano. Errar era humano. E poxa, eu já tinha errado pra caralho.

Louca por Emmett, Nas batidas do Amor, 1Onde histórias criam vida. Descubra agora