dear diary;; kimjongdae

a winter day.

December 21, 1992. [16:23 PM.] ✧

Primeiro dia de inverno no hemisfério norte. Já está muito frio aqui. No velório. Há muitas pessoas, e eu simplesmente não consigo chegar permanecer perto do caixão por mais de dez segundos sem ser acotovelada por algum parente distante de quem eu nunca ouvi falar, e que não apareceu sequer uma vez para visitar a vovó em seus últimos dias.

Todos ao redor de seu corpo como uma alcatéia de lobos rodeia um animal ferido. Ninguém parece me notar, e eu não poderia estar mais satisfeita com isso, não tenho energia para fingir acreditar que eles se importam comigo e sentem muito pela morte da matriarca da família Kang.

Vou ficar aqui até todos eles saírem, não vou chorar até estar sozinha com a minha vó, aquela que era a minha única família.

22:45 PM.

Acabei de chegar em casa, fraca e cansada demais para fazer qualquer coisa além de chorar e escrever. Quando cheguei à porta, fechei os olhos e respirei fundo antes de abrir.

Me preparando para encarar o ambiente escuro e mofado. Me preparando para encontrar a casa vazia e silenciosa. Eu abri a porta, e senti uma coisa estranha, senti como se ela fosse surgir a qualquer segundo, saindo da cozinha com uma panela da lámen fumengante e um avental floral.

Como se nada estivesse diferente, mesmo sabendo que tudo, estava diferente, nada nunca mais vai ser igual. Eu nunca mais vou vê-la sair da cozinha com uma panela fumengante de lamén e um avental floral.

Eu andei devagar até o meu quarto, evitando ao máximo fazer barulho, tentando manter a atmosfera do último dia dela nesta casa, era como estar entrando em um lugar sagrado, único, que deveria manter-se imaculado e puro. Como foi deixado.