January 12, 1993. [05:22 AM.] ✧
A noite de ontem tomou rumos muito, muito inesperados. Tão inesperados que neste exato momento, enquanto escrevo neste diário, estou olhando Chen dormir serenamente em minha cama. Mas não, nós não fizemos sexo. Antes fosse isso, eu não estaria com tanta vergonha de mim mesma quanto estou agora.
Acontece que eu enchi a cara ontem à noite. Bebi muito, bebi tanto, que tive a brilhante idéia de ligar para ele, e é por isso que ele está aqui agora. Na verdade, ligar para ele seria o mínimo a se fazer depois de faltar ao nosso encontro. Mas dado o meu estado, eu nunca deveria ter feito isto.
E se eu não tivesse feito tal coisa, não estaria escrevendo agora, porque eu estaria morta. O que não seria ruim. Eu havia acabado de engolir todos os meus antidepressivos com vodka, e em um súbito momento de covardia e pânico, quando eu já sentia meu corpo ficando mais fraco a cada instante e a vida esvaia-se de meu corpo lenta e serenamente, eu consegui alcançar o gancho do telefone, e discar o primeiro número que me veio à mente, o número dele.
Quando ouvi sua voz do outro lado da linha, tão perto como se estivesse sussurrando no meu ouvido, eu desabei. Comecei a falar um monte de coisas das quais eu sequer lembro e a certo ponto da ligação, a soluçar sem parar, o que deve ter tornado minhas palavras incompreensíveis.
Eu apaguei, e depois disto, tudo parece desconexo. Lembro de seu rosto bonito perto do meu, parecendo muito incomodado com algo, suas mãos em meu rosto e no meu pescoço, e então falando algo como "está queimando em febre.", mas não tenho certeza se essas coisas realmente aconteceram ou se foram delírios da overdose.
As coisa só começam a ficar mais claras a partir do momento em que a água gelada entra em contato com o meu corpo me fazendo tremer da cabeça aos pés. Eu estava na banheira, só com as roupas de baixo, e Chen molhava minha cabeça com a água da própria banheira, com as mãos em concha como se desse banho em uma criança, eu comecei a me debater com o contato com a água gelada diretamente em meu rosto, me debati tanto que ele parou.
Pensei que ele tivesse desistido, e por mais que estivesse me debatendo para ele parar, senti falta da água gelada na minha e das mãos dele no meu cabelo quando ele parou. Eu olhei para ele ao lado da banheira e ele me olhou também, parecia impaciente, e suspirou cansado.
Se levantou e começou a desabotoar a camisa social azul que vestia, e a primeira coisa que me veio à mente foi o questionamento se aquela era a roupa que ele havia vestido para o nosso encontro, depois me dei conta de que ele estava se despindo.
"O-o que você pensa que está fazendo?!"
Eu perguntei, um pouco alarmada com a idéia de vê-lo sem camisa, me encolhendo em um canto da banheira e desviando o olhar.
"Você não está colaborando, vou ter que tomar medidas drásticas."
Ele disse, e havia certo divertimento em sua voz, o que me deixou com um pouco irritada, e levando em conta que ele me salvou da morte e frustrou minha tentativa de suicídio, eu não deveria, mas fiquei ainda mais irritada quando me dei conta de que, se eu não estava morta, ele havia me salvado.
Ele tirou a camisa e levantou as barras da calça. Ele entrou na banheira e eu me afastei ainda mais, não gostando nem um pouco do formigamento que senti no ventre e no meio das pernas quando olhei para ele sem camisa, na mesma banheira que eu.
Ele revirou os olhos, mas depois sorriu. Me puxou para perto pelos ombros, nós ficamos muito próximos, próximos o suficiente para eu sentir sua respiração quente bater contra meu rosto e seu perfume amadeirado me inebriasse e me embalasse em uma onda suave de sensações que me deixou um pouco tonta.
Ele olhou nos meus olhos e eu olhei nos dele, eu jurei que ele iria me beijar. Fechei os olhos com força esperando para sentir os lábios dele nos meus, mas ele me virou de costas, eu estremeci e me retraí quando senti suas mãos quantes tocarem minhas costas. Ele percebeu, suas mãos foram para os meus ombros, ele os tocou de uma forma tão relaxante e suave que eu os deixei caírem relaxados, e suspirei com a sensação gostosa.
"Eu só quero cuidar de você Baehim, por favor, não fique com medo de mim. Eu nunca te forçaria a nada."
Ele disse perto do meu ouvido, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, mas eu ignorei, e só confirmei com a cabeça, minha garganta parecia estar em brasa e eu não conseguiria falar muita coisa mesmo se quisesse.
"Ótimo."
Ele disse, e eu não vi, mas tenho certeza de que ele estava sorrindo ao dizer isso pelo tom de sua voz. E eu acabei sorrindo também, mesmo que a minha vida parecesse estar desmoronando, e minha alma em cacos. Ele lavou meu cabelo e esfregou minhas costas, e quando terminou me trouxe um pijama e uma toalha.
Quando entrei no quarto e vi ele com a minha calça de moletom rosa, que ficou apertadíssima nele, eu ri, ri sinceramente, depois de tanto tempo. E chorei de rir quando ele fez um desfile de mentira com a minha calça ridícula. Eu me deitei na cama, e me embrulhei, ele fez menção a ir embora, mas então foi a minha vez de pedir que por favor, ele ficasse. Ele ficou, está aqui. Neste exato momento.
Ainda dormindo, enquanto eu o olho e escrevo neste diário, parece tão sereno e inocente de olhos fechados e o cabelo caindo nos olhos desta maneira, e Deus, eu não deveria estar reparando neste tipo de coisa. Halmeoni, eu acho que estou apaixonada.
*Halmeoni é vovó em coreano sz.
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dear diary;; kimjongdae
Фанфикo diário de baehim no inverno em que ela perdeu a avó, e descobriu o amor.