Estava sentada no chão do nosso agora vazio, apartamento. Meus pés calçados com botas estirados no chão. Ainda me lembro da mensagem contendo uma foto dos pés de Vitoria neste mesmo lugar. Suspirei perdida, olhando as paredes vazias, antes decoradas com fotos dos nossos momentos juntas. Esse lugar foi palco de tantos sentimentos, lembranças.
Ainda posso ouvir o eco das risadas escandalosas de Vitoria, da voz rouca cantando na janela de casa, do sussurro.
-Ninha. –Assustei com meu nome sendo chamado. Olhei em volta e a casa estava totalmente vazia. – É só o vento Ana.- Eu precisava sair deste lugar, tentar seguir a minha vida e desvincular a memória de Vitoria da minha cabeça.
Levantei do chão olhando em volta pela ultima vez, e sentindo meu peito apertar de saudades. Eu sentiria muita falta de dividir minha vida com ela. Sentiria saudades da luz e do amor que emanava dela. Mais a decisão tinha sido minha, eu precisava seguir em frente.
Olhei o pequeno mensageiro do vento pendurado na janela, e lembrei-me dela me convencendo a coloca-lo lá. Lembrei também da nossa indecisão na loja de moveis sobre qual sofá comprar. – Tem que ser grande Aninha, tem que caber este tanto de amor que habita em nós. – Da planta que ela quis tanto comprar – Preciso de algo verde em casa, para lembrar do meu cantin em Araguaína.- Seu sorriso aberto me convenceu a levar a planta e ri ao lembrar do nosso sufoco para levá-la pelas escadas até a nossa casa.
-Ei – ouvi a voz de Mike me chamando e virei o rosto limpando as lagrimas. - Está na hora de ir.
-Eu sei, só estava me despedindo.
-Quer que eu espere você lá embaixo?
-Não eu vou com você. – Andei até a porta, tocando as paredes e me despedindo das lembranças que aqui habitavam. Tranquei a porta do apartamento, trancafiando os sentimentos que ainda restavam dentro de mim lá.
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Depois de Você
FanfictionFreud dizia que Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor. Eu podia dizer mais. Perder Vitoria foi como ser queimada viva. Era como ser engolfada pelo mar. Mal conseguia respirar , nunca senti tamanha dor na vida...