Observar Vitoria tinha virado uma obsessão.
Todos os dias quando chegava à escola e na hora do intervalo meu olhar procurava incessantemente por ela. Chegava a me dar calafrios quando a avistava mesmo de longe. Barbara tinha notado isso antes mesmo de eu me dar conta.
-Você ta muito vidrada na loirinha Ana. – Vitoria escolheu este momento para rir alto de algo que Talizza falava, jogando os cabelos lisos para trás. –Ana! Alô terra chamando Ana! – De repente avistei o vulto de uma mão em frente aos meus olhos,
-O que é Barb?
-Para de secar a menina Ana. Ela já tá magra o suficiente sem você olhar ela desse jeito. –Vitoria se levantou, puxando a camiseta para cima e mostrando para Talizza algo em sua barriga. Juro que meu queixo foi no chão, ao ver a barriga plana. –Eita, essa menina tá te provocando em. – Ela olhou em minha direção mordendo os lábios e eu afastei o olhar, admirando o chão. – Acho que ela sacou que você ta muito afim dela. - Eu levantei de um pulo do degrau que estava sentada encarando Barbara com um olhar matador.
-Já disse que não to de olho nela inferno. Se você não parar com essa historia eu juro que nunca mais falo com você! – Barbara deu uma risada irônica, aquela que eu mais odiava, e me fitou levantando as sobrancelhas.
-Essa negação e esse mau humor só me fazem ter certeza o quando tu quer ela. Já disse que te dou a letra. É só você pedir.
Ela levantou indo em direção às salas, e vi Vitoria caminhando em minha direção. Senti meu sangue gelar, não conseguia sair do lugar. Meus olhos fitavam seu rosto e eu tentava decorar as suas linhas de expressão.
-Oi Ana! – Ela passou por mim deixando o rastro do seu perfume que lembrava caramelo.
-Eu to ferrada. –Suspirei perdida.
**
-Falaaaaaaaa Sis.
-Barbara preciso que você venha aqui em casa.
-Oxe Ana, tava ai ontem à noite! Eu tenho casa sabia.
-Anda logo que o assunto é serio.
-Devo levar o numero do celular da Flavia? –Ela riu na linha.
-Sim. –sussurrei.
-O que? Decidiu assumir a vontade da loirinha é?
-Anda logo sis.
-To indo. Ô mãe – Ouvi o grito estridente. Afastei o telefone da orelha. –Vou à casa da Ana! Não precisa fazer o jantar por que vou filar a boia na casa dela.
-Barbara eu ouvi isso.
-Nem ligo! Vê se faz brigadeiro, por que esse dia merece.
**
-Tá agora desembucha. O que te deixou tão aflita assim que você resolveu tomar uma atitude?
-Não consigo deixar de pensar nessa menina. Parece que ela enraizou na minha cabeça. Até quando eu tô com o Thiago só consigo pensar nela e meu Deus, eu to ficando louca.
Barbara olhou para mim, e sorriu arteira.
-E o que você pretende fazer a repeito em? Chamá-la para sair? Ou quem sabe atacar ela no banheiro feminino? –Se jogou na cama rindo da própria piada.
-Eu não sei. Te chamei aqui para ver se você me dava uma ideia.
-Posso pedir para a Flavia apresentar vocês.
-Não. Ela vai desconfiar de algo, e eu nem sei bem o que eu quero ainda.
-Ok. Então vou apresentar a Flavia a você. Se vocês se tornarem amigas, vão frequentar os mesmos lugares , você vai ver mais a Vitoria e ai vocês vão ficar amigas, se beijar atrás de uma arvore, vão se casar...
-Barbara foco!
-Desculpa! Vou marcar com a Flavia de nós irmos dar uma volta e você vai junto. E assim a gente inicia o plano conquistar a loirinha.
-Para de chamar ela assim. Ela tem nome.
-Tu vai querer, sim ou não?
-Sim e seja o que Deus quiser.
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Depois de Você
FanfictionFreud dizia que Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor. Eu podia dizer mais. Perder Vitoria foi como ser queimada viva. Era como ser engolfada pelo mar. Mal conseguia respirar , nunca senti tamanha dor na vida...