-Ei.
-Oi.
-Você é a Ana Clara? Do quarto período?
-Sim sou. E você?
-Leticia.
-Prazer. Ana. Mais isso você já sabe.
-Queria uma ajuda para estudar Histologia. Eu to quase bombando nessa matéria e Maria me disse que você podia me dar uma ajuda.
-Claro. Quando?
-Pode ser na biblioteca?
Sorri admirando o cabelo loiro e os olhos castanhos.
-Acho que podia ser na minha casa. Tenho alguns livros bons lá e a gente não tem hora para terminar. Claro se você aceitar.
-Por mim tudo bem. Pode ser amanhã? Minha prova é na segunda.
-Sim. –Sorri.
**
-Isso não entra na minha cabeça! – A olhei deitar a cabeça em seus braços.
-Por que a gente não toma um vinho? Sei que tem um por aqui em algum lugar. A gente já esta nisso a pelo menos 5 horas.
-Tudo bem. Preciso mesmo parar um pouco.
-Eu amo essa musica sabia? – Vi seu corpo relaxar de encontro ao sofá. – Cara eu to tão ferrada.
-Letícia? – Os olhos marcados por olheiras me fitaram, os olhos vermelhos de vinho barato. Respirei fundo indo em sua direção. Ela me encarou profundamente. –Tu quer isso? – Ela balançou a cabeça concordando. Beijei seus lábios, enroscando a mão em sua nuca.
Me perdi no contorno do seu corpo, a cabeça livre dos problemas e da saudade.
**
-Conheci uma pessoa.
-Serio? Quem é? Quando vou conhecer.
-Calma Sis. É uma menina aqui da faculdade.
-É bonita? Chega aos pés de Vitoria Falcão? – Fitei os olhos azuis.
-Não. Mais a Vitoria nunca mais tocou no assunto Bá. E eu não posso parar a minha para esperar por ela.
-Você já contou para ela?
-Não. To adiando esse momento. Ontem quase contei mais meu medo foi maior.
-As coisas com essa menina tão indo bem?
-Sim. A gente tem se visto quase todos os dias. Ela dorme aqui comigo e tals.
-Bom Ana. Eu fico feliz por você. Acho que vou gostar muito dela quando conhecê-la.
-Sis, tenho que desligar a Vitoria está me chamando.
-Vai lá ver seu amorzinho. Diz que eu mandei um beijo para aquela vaca. –Ri alto.
-To com saudades.
-Eu também. Volta logo.
-ANA!
-Oi Vi, por que você está gritando?
-Felipe disse ainda agorinha que o vídeo de singular vai sair!
-Serio?
-Sim em uma pagina de musica popular no facebook. Disse também que já tem data para o EP ser lançado. Eu to dançando sentada de tão feliz. – Sorri ao ouvir a gargalhada rouca. Os olhos brilhando tanto que podia iluminar qualquer lugar.
-Eu também estou. To com saudades de você Vitoria.
-Também to meu amô.
-Vi, antes de você desligar, eu preciso te falar uma coisa.
-Pois fale mulher. To aqui para te ouvir.
-Eu conheci uma pessoa, aqui na faculdade. O nome dela é Letícia, e a gente está meio que saindo.
-Ela está te fazendo feliz Ninha?
-Sim.
-Então é isso que importa. Boa noite meu Anjo.
-Até.
-Mais não como você faria. –Murmurei para o quarto escuro.
**
Estar com Leticia era fácil, confortável. Ela não exigia nada de mim. Não me cobrava. Só estávamos deixando fluir. Com o tempo minha amizade com Vitoria passou a ser segundo plano. Nos falávamos sempre que podíamos, empolgadas pelo lançamento do EP e dos vídeos de divulgação, mais era somente sobre isso que o papo fluía. Ela sentiu meu afastamento e permitiu, entendendo que era hora de sermos somente companheiras de sonhos.
-Sai amanhã.
-Eu tenho aula pratica amanhã. Não sei como vou fazer para assistir.
-Tu assiste quando chegar em casa Ninha! Preste atenção na aula mulher.
-Não sei se vou conseguir! Parece que tem formigas no meu corpo. Eu fico inquieta.
-Tá deitada?
-Sim.
-Letícia ta ai?
-Não, ele tinha festa na republica dela, mais eu não quis ir. To ansiosa demais para ficar em lugar com gente em volta.
-Dorme anjo. Dorme para amanhã chegar logo. Nosso sonho vai para mundo. E com ele parte do nosso coração.
-Eu compus uma musica para você há algum tempo atrás.
-E tu não me disse por causa de que?
-Ela é muito pessoal, fiquei com vergonha de você ouvir ela.
-Pois eu quero. Se veio de tu , que tem a alma tão bonita, já é linda antes de existir para mim.
-Eu vou pegar o violão, fica ai.
Eu não me importaria
De dividir um colchão com você
Dar meu cabelo pra de nós tu encher
E me afogar no teu corpo metido a travesseiro
Não contestaria um pedido de carinho teu
Café mais amargo, tua toalha jogada no quarto
Nenhum traço do que é teu
-Eu nem sei o que falar Aninha. To meio embasbacada com ela.
-É para você. Vim com ela na cabeça quando estava voltando de São Paulo para cá. Antes que você pense algo, você sabe sobre os meus sentimentos. E eu não estou te pressionando, mais queria que você fosse a primeira pessoa a ouvir ela.
-Eu sei Ana. Tu é a pessoa mais sincera e cheia de amor que eu conheço. Tua forma de colocar seus sentimentos em palavras me toca de um jeito.
- Dê um nome para ela.
-Tua.- Encarei a tela do celular, respirando forte. –Eu sempre vou ser tua.
E eu desejava com todas as forças que isso fosse verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois de Você
FanfictionFreud dizia que Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor. Eu podia dizer mais. Perder Vitoria foi como ser queimada viva. Era como ser engolfada pelo mar. Mal conseguia respirar , nunca senti tamanha dor na vida...