-Se cuida na selva de pedras.
-Pode deixar Aninha.
Seu sorriso fraco estirando os lábios suavemente.
-Tchau Le. Foi um prazer te conhecer.
-Digo o mesmo Vi. – Letícia colocou uma das mãos em minha cintura, e os olhos de Vitoria acompanharam o gesto.
-Até.- Acenei em direção ao ônibus.
-E agora, para onde vamos?
-Descansar.
**
-Ana você tem que vir para São Paulo.
-Por que? – Segurei o celular na orelha, enquanto agarrava uma banana na fruteira e trancava a porta de casa.
-Por que as coisas tão acontecendo Ana! Felipe não te ligou para falar que o vídeo de Singular está com mais de dois milhão de visualizações?
-Eu sei Vi. Mais eu tenho a faculdade, como vou mudar para SP?
-Só vem Ana. Essa é a oportunidade do nosso sonho, ser.
-Não posso Vi. Não posso largar tudo assim! Meus pais iam me matar! Foi difícil demais passar no vestibular. Vir para cá. Como você quer que eu largue tudo isso, assim!
-Vem Aninha! Deixa seu medo de lado. A gente pode conseguir fazer dar certo.
-Vi. Por favor me entende!
-Pensa Ana! Pensa. Por favor. Diz para mim que vai pelo menos pensar sobre isso.
-Ok. Eu prometo que vou pensar OK?
-Preciso desligar.
-Te amo.
-Também te amo.
**
-Alo?
-Oi Ana é Tiago, tudo bem?
-Oi Tiago, tudo sim e com tu?
-Bem. To te ligando para avisar que Singular vai entrar na programação de algumas rádios menores, e eu agendei uma entrevista com vocês para um revista de musica independente. Queria saber se você consegue uns dias para vir para São Paulo.
-Nossa Tiago, fico muito feliz. Quando é a entrevista?
-Semana que vem, precisamente na quarta.
-Eu tenho algumas provas durante a semana. Mais acho que consigo me ajeitar para ir.
-Ana, sei que Vitoria já conversou a respeito com você. Mais eu tenho um pressentimento muito bom e acho que a carreira de vocês vai decolar. Eu tenho falado muito de vocês para alguns amigos da musica, e divulgado vocês por onde eu passo. Queria muito que vocês abrissem um show meu. Mais para isso acontecer você tem que estar perto da Vitoria. – Suspirei.
-Tiago, eu to pensando nisso. Preciso conversar com os meus pais. Não posso largar tudo assim.
-Pode Ana. Você pode. Você sabe que medicina nunca foi o seu dom. O seu dom é compor. É musicalizar sentimentos. Usa menina, usa esse dom. Você encontrou quem te encaixa, te completa. Vem. A gente vai fazer acontecer.
-Me dá um tempo para pensar.
-Dou. Mais seu sonho não vai esperar.
**
-Meu Deus Ana. O EP sai amanhã! Eu to que não consigo dormir.
-Quer que eu toque para você se acalmar?
-Quero. Canta Tua para mim?
-Canto. Vou pegar o violão. – Toquei, cantando baixinho a letra que tinha sido inspirada por aquela mulher. Ouvi o ressonar baixinho pelo telefone. Suspirei sentindo saudades de estar com ela. De sentir a pele dela, e ver o sorriso nascendo.
-Dorme bem Vi. – Desliguei o celular, e deitei sonhando com musica, cabelos e sol.
**
-Pai eu preciso fazer isso!
-Ana, você não vai largar a faculdade para isso! Não tem conversa.
-Pai é o meu sonho! Você não pode me impedir de viver isso!
-Filha e se isso não der em nada? Você está largando algo que está concreto por isso?
-Pai eu preciso ir! O EP lançou tem uma semana e está com uma ótima posição no itunes. Eu preciso tentar pai!
-E você vai se sustentar como lá? Vai viver aonde?
-Felipe arranjou um apartamento para eu dividir com a Vitoria, no centro de São Paulo. Ele disse que o aluguel dos próximos três meses estão pagos. Eu só quero tentar.
-Ok Ana, eu não posso te impedir. Você já é maior de idade sabe o que faz. Mais eu vou te dar um ano. Se nada acontecer você vai voltar para a faculdade e se formar.
-Obrigada Pai. Eu nunca faria isso sem o apoio de vocês.
-Sabia que eu não estou nada feliz com isso. Sua mãe está muito triste com essa situação.
-Eu sei pai. Mais eu quero tentar ser feliz completamente.
**
-Você vem quando?
-Eu preciso fechar esse semestre. Provavelmente em Julho. A gente ainda vai viajar?
-Sim. Eu já fui visitar o lugar onde a gente vai morar. Eu consigo imaginar a gente lá.
-Você vai ver os moveis?
-Não. Quero escolher juntinho com tu. Vai ser nosso cantinho Ninha. Tem que ter parte sua.
-Letícia vai comigo. Conseguiu uma transferência de faculdade e um internato por ai.
-Que bom Ninha. Vou gostar de ter ela por perto.
-Vou arranjar as coisas por aqui. To contando os dias para te ter por perto Ninha. Falta exatamente 36.
-Eu também Vi. Eu também.
-Ninha?
-Oi.
-A gente nunca conversou sobre aquele dia.
-Deixa enterrado aquilo Vitoria. Esse não é o nosso momento.
-E quando vai ser?
-A gente vai saber a hora.
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Depois de Você
FanfictionFreud dizia que Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor. Eu podia dizer mais. Perder Vitoria foi como ser queimada viva. Era como ser engolfada pelo mar. Mal conseguia respirar , nunca senti tamanha dor na vida...