-Vitoria já passou de 100 mil visualizações! E tem pouco mais de 4 horas que o vídeo foi postado! Eu to surtando! To sentada no chão do corredor por que não consigo ficar dentro da sala!
-Ei Ana, se acalma. Tá só começando.
-Eu sei, mais eu só quero ficar aqui, lendo os comentários e atualizando a pagina para ver se o numero subiu.
-Ei Ana!
Olhei para cima vendo Letícia caminhar em minha direção.
-Ei, Vem senta aqui. – Ela sentou do meu lado e eu enquadrei nós duas na tela do celular.
-Vitoria, essa é a Letícia, a pessoa da qual eu te falei.
-Olá! – Seu sorriso se fez aberto e eu vi que ela tinha ganho o coração de Letícia também.
-Oi.
-Tu cuida direitinho dela viu? Ana é como meu xodó.
-Pode deixar. – Senti seus lábios em minha bochecha e sorri de olhos fechados para ela.
-Preciso ir Ana, tenho ensaio logo mais. Letícia foi um prazer vice? Boa aula para vocês.
Desliguei o celular olhando dentro dos olhos de Letícia.
-Era sobre ela que você falou semana passada enquanto dormia.
-O que? –Olhei assustada.
-Você se enroscou em mim e suspirou baixinho Vi. Eu não quis te perguntar sobre quem era, achei que era muito invasivo.
-Eu nunca te falei sobre ela, por que Vitoria é algo que eu não quero desenterrar. Sim, eu sou completamente apaixonada por ela. Quase todas as musicas que eu fiz são para ela. Mais é um amor de uma ponta só e pelo nosso bem resolvi deixar ele aqui, só guardado dentro de mim.
-Ela sabe?
-Sabe. Mais me disse que só me via como irmã.
-Putz Ana.
-Mais não quero falar dela. Apesar de tudo que aconteceu quero manter a nossa amizade e somente ela. Você me faz feliz Letícia. Você não é minha válvula de escape, só chegou por aqui e ficou. Fez morada. Gosto de ter você por perto.
-Eu também gosto demais de você Ana.
-Você topa ir embora comigo? Eu não consigo me concentrar. Saiu nosso vídeo e eu mal me dou conta de onde estou.
-Vamos.
**
-Ei ,Vi.
-Oi Ninha.
-Precisei te ligar antes do horário, para falar que tem um barzinho aqui perto da faculdade que aceitou que a gente tocasse lá. O dono é meu amigo, e gostou tanto do EP, que disse que queria ser o primeiro lugar que a gente fosse tocar. Pediu para ser dia dois de Maio.
-Perainda mais é meu aniversario!
-Sim! E um ótimo pretexto para você vir me visitar.
-Mais Ninha a gente nem ensaiou nem nada.
-Eu sei, mais se você chegar um dia antes a gente se acerta por aqui.
-E as passagens?
-Vem de ônibus. A gente dá um jeito.
-Então tá tudo certo?
-Tá. Só vem.
**
-Adorei seu cantinho Ninha! – Ela olhava encantada para a prateleira de livros, e eu á admirava encostada no batente da porta. Olhando ela ali em meio as minhas coisas, pensei o quanto ela se encaixava dentro do meu mundo. Ela virou em minha direção, o sorriso aberto, brilhante, irradiando luz por todo o lugar.
-Vem Vi. Vamos deixar suas coisas aqui, e ir lá conhecer o lugar.
-Calma. Preciso tirar essa roupa e tomar um banho. Tu não disse que dividia a casa com outras duas meninas?
-Sim. Elas estão no hospital hoje de manhã. Mais devem aparecer no show mais tarde. Vou pegar a toalha para você. –Me Virei em direção ao guarda roupa e fiquei na ponta dos pés para tentar alcançar a prateleira de cima. Senti seu corpo se encostar no meu. O calor emanando dela e me colocando em brasas.
-Qual?
-A verde- Respondi em um fio de voz.
-Obrigada. Vou tomar um banho. – Continuei parada, respirando fundo e tentando manter o meu controle.
**
-Ai Ana. Gosto tanto de estar no palco. Acho que nasci para estar aqui. Bem aqui. Vendo as luzinhas de cada pessoinha compartilhando energia comigo.
-Foi lindo não é? Nosso primeiro show Vi.
-Eu mal to me contendo de felicidade Aninha!
-Ei Ana! Quem é essa moça que tem voz de mel?
-Essa é Vitoria, Vi esse é o Alexandre.
-Pode me chamar de Alex.
-Olá.
-Tu não aceita tomar uma cerveja comigo não?
-Olha Alex muito obrigada, mais eu e Ninha estamos cansadas, e já estávamos indo embora. – Vitoria agarrou a minha mão me puxando suavemente em sua direção. Ele olhou para nossas mãos unidas de forma estranha. Entramos no apartamento indo em direção ao meu quarto. Arrumei um colchão no chão enquanto Vitoria vestia uma camiseta por cima do corpo e se deitava. Apaguei as luzes e me acomodei na cama. Depois de alguns minutos, ouvi a respiração suave indicando que ela tinha dormido. Olhei para o rosto adormecido, os cabelos espalhados pelo travesseiro. A mãos pousadas sobre seu abdômen, as pernas suavemente afastadas. Suspirei, pegando o celular e enviando uma mensagem para Letícia.
Eu precisa parar de pensar.
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Depois de Você
Hayran KurguFreud dizia que Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor. Eu podia dizer mais. Perder Vitoria foi como ser queimada viva. Era como ser engolfada pelo mar. Mal conseguia respirar , nunca senti tamanha dor na vida...