Capítulo 2

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Muito bem alimentadas e satisfeitas, Lia sai à frente para pedir que tirem o carro de Vallentina da garagem, enquanto isso, ela volta a seu quarto para escovar os dentes e pega em flagrante Ian tentando destrancar a porta. Ela para logo atrás dele sem fazer barulho algum, semicerra os olhos, visualiza a arma dele atrás de sua calça e logo está com ela destravada e apontada para a parte de trás de sua cabeça.

-Se mexa, e não terei pena em puxar o gatilho... - Ian, que ainda estava agachado, fica imóvel com as mãos na altura da maçaneta. -O que quer? - em sua voz era evidente a raiva por ter alguém querendo tocar em suas coisas, sempre odiou isso, era tão íntimo, que duvidava se algum dia deixaria um homem tocar no que é seu. -Não vai responder? - ela encosta o cano na cabeça dele.

-Eu mandei... - ela abaixa a arma ao ouvir a voz do pai.

Ian quando percebe que seu pescoço, ou melhor, sua cabeça está a salvo, se levanta em retirada para ficar atrás do senhor que estava parado e firme olhando a própria filha.

-Não se atreva a pensar em mexer em minhas coisas, novamente! - rosna entre dentes, demonstrando que aquilo não seria tolerado da próxima vez e joga a arma de volta para o rapaz.

Ian recebe uma confirmação de cabeça de seu chefe e se retira sem olhar para Vallentina, seu pai fica em silêncio analisando a imagem da própria filha com soberania.

-O que queria em meu quarto? - pergunta cruzando os braços. Não suportava ficar sem resposta, começou a ficar assim logo depois que voltou do hospital com parte da memória apagada.

-Estava atrás de uma pulseira de sua irmã! Não encontro a semanas... - o faro dela indicava ser mentira, mas resolveu ceder, não queria acabar discutindo com o pai.

-Como ela é? - pergunta tirando a chave de seu quarto do meio da trança logo na nuca e destranca a porta.

-De ouro, com bolinhas pequenas penduradas! - ela arqueia uma sobrancelha.

-O que tem de tão especial nela? - seu pai ficou em silêncio e sorriu fazendo algumas rugas aparecerem ao lado dos olhos.

-É especial para ela, isso é o que importa! - ela balança os ombros e assente. Não sabia como sua irmã poderia ser tão descuidada com as próprias coisas a ponto dela ter de ir atrás.

-Se eu encontrar, entregarei a ela... - ele assente e sorri de lado quando ela já fechara a porta para ir escovar os dentes.

Vallentina não fazia questão de se apegar a bens materiais, fazia questão de sempre que podia se livrava de jóias e roupas, mas se não fosse por Lia, estaria somente vestindo calça jeans, camiseta e tênis. "Como vai querer se apresentar ao ministro com roupas assim, senhora?" no dia, Lia estava tão assustada com o modo dela lidar com aparência, que não conseguiu segurar a língua. No final foi convencida, então a garota ficou encarregada de roupas, jóias e cuidados pessoais dela.

Rapidamente Vallentina estava de volta na base da escada e Lia conversava com o motorista deles.

-Pronto, senhora... - a menina sorri e entrega um casaco a chefe, o frio nesse natal estava pior do que nos últimos anos.

-Eu vou dirigir... - ela dispensa o motorista que se retira rapidamente, ele não tinha o privilégio de ficar na presença de uma Seaman como Lia. -Está pronta? - a garota assente sorridente. -Então vamos!

A menina entrega a bolsa de Vallentina que pega de prontidão. Um dos conversíveis já estava pronto bem à frente da mansão. Logo que entra, coloca a bolsa no banco de trás e vê Lia ajeitando seu cinto de segurança. A ansiedade da garota era bem notada por ela.

A Volta - Coleção HerdeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora