Feliz dia das crianças!
*****************************************
Os olhos pequenos se abrem mostrando a cor castanha perfeita e uma mulher com a mente perdida. O local onde acordara estava vazio fazendo-a se sentar e tocar a nuca pela dor, mas percebendo o curativo ali colocado.
-Perdão... - uma enfermeira que parecia precisar entrar para checar se a paciente estava estável, voltou para trás no momento que viu a mesma com o olhar perdido a cama. Ter uma Seaman não era uma coisa confortável para os funcionários do hospital.
Os olhos dela vasculhavam cada canto daquele quarto e percebeu uma prancheta pendurada no pé de sua cama, rapidamente a pegou vendo seu nome e o motivo por estar ali "Ferimento a bala". Tampou a boca não acreditando que realmente aquilo estava acontecendo mas logo a baixo algumas palavras chamaram sua atenção. "Perda parcial de memória" então se sente perdida, a única coisa que lembrara foi estar voltando da faculdade tarde da noite e depois mais nada.
-Preciso falar com meu pai! - uma enfermeira entra com o médico que a recebera.
-Seu pai logo estará aqui, não se preocupe. - ele responde recebendo um olhar nada agradável da parte dela. -Ele deixou isso para a senhorita... - a mão do médico adentra um bolso de seu jaleco e retira a corrente em que o pingente é uma arma.
-Isso não é meu! - ela nega com a cabeça convicta e certa de nunca ter visto aquilo antes.
-Então pegue como presente...
Vallentina hesita por um instante e sente que deve pegar, mas no fundo algo lhe diz que aquilo não será tudo. Então sua mão toca a corrente e levemente o doutor vira a mão fazendo a joia escorregar para a palma dela e sua mente como se fosse uma porta se destrancando, ela vê uma cena. Tudo ainda está confuso mas está bem clara a cena em sua mente e seu coração se aperta ao imaginar que aquilo demorará de voltar a acontecer. Que sua segurança ainda demorará de se tornar realidade.
-Filha? - a voz rouca de seu pai a faz elevar seu olhar e ver a imagem de seu progenitor sorrindo, com algumas rugas nos cantos dos olhos, cabelo parcialmente branco, mas ainda com andar de superioridade de sempre.
-Não há ninguém com o senhor, pai? - ele olha para lados e nega.
-Não filha, somente eu e você... - naquele instante ela sabia que não poderia confiar no próprio pai. -O que houve Vallentina? - seu pai se aproxima caminhando devagar e observando o estado da mulher a cama.
-Só estou um pouco confusa, onde está mamãe? - o senhor travou antes de sentar a cama e seu olhar ficou frio, um arrepio percorre Vallentina e no fundo sabe o que está havendo, mas sua mente não se abre para lhe indicar o que deve fazer nesse momento.
O senhor estava parado dentro do quarto e pensando o que deveria falar a própria filha sobre o que houve com sua progenitora, mas dizer a verdade não seria fácil, principalmente por saber que se tudo vier a tona, teria de apresentar um certo homem a ela, e sabia que uma ligação muito forte foi construído entre eles.
-Sua mãe faleceu a dois anos de câncer, filha! - nada, exatamente o nada foi sua expressão.
Por alguma razão ela não conseguia segurar suas reações, queria poder fingir estar chateada ou fingir um descontentamento, mas seu corpo e seus ombros somente se balançaram e sua mão rapidamente colocou o colar que estava em sua mão, em seu pescoço.
-Essa dor de cabeça vai passar quando? - sua voz foi séria e egoísta, aquela dor era forte e não estava nenhum pouco afim de sentir isso enquanto tentaria lidar com o homem que há uma ligação de sangue a ela e por alguma razão estava mentindo.
-Se tomar esses comprimidos, em alguns meses você estará bem e não precisará de medicamento algum... - o doutor tira um frasco pequeno e alaranjado de seu casado e da a ela que pega de prontidão já observando seu pai, que ainda não disse algo sobre o que realmente estava acontecendo.
-Quero ficar sozinha com meu pai! - ela não pediu, comandou a saída da enfermeira e o médico, e acabou se surpreendendo com o quão rude ela poderia ser se quisesse, mas no fundo se assustou por não sentir remorso em ver os outros incomodados ou magoados pelo seu modo hostil de conversar.
"O que está havendo comigo?" - por alguns segundos ela fita as próprias mãos antes de se virar a seu próprio pai e ficar em silêncio, somente observando-o.
-Está tudo bem filha? - seu pai pergunta, e sua máscara de mentira aparece novamente.
"Não, você existe!" - algo estava acontecendo dentro dela, pois nunca viu o homem a sua frente como um pai de verdade, sempre desconfiou que haveria muito mais coisa por trás daquela mascará que ele tinha tanto orgulho de manter.
Jorge sentiu que algo aconteceu a sua filha, mesmo que quisesse fazer com que seus nove anos longe dela tivessem realmente sido apagados, havia muito mais a se fazer e não saberia como começar, Vallentina estava igualzinha a própria mãe, até na postura em se sentar na cama e o tom rude da voz ao comandar alguém.
Se sua filha não chegasse a se lembrar dos últimos nove anos, ela se tornaria sua mãe. Para seu pai seria perfeito, mas talvez para o mundo ela fosse considerada como monstro.
-Quero sair desse hospital! - Vallentina resolve não reponder o que realmente veio a sua mente, acabaria discutindo com seu pai e sua dor de cabeça aumentaria.
-Logo terá alta... - seu pai fala calmo fazendo-a ficar ainda mais atenta, ele estava tranquilo demais para um homem que acaba de saber que sua filha perdeu sua memória.
**********************************
Dia oficial: Quinta - feira
Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas!
A tortura foi demais...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Volta - Coleção Herdeiros
RomanceDois corações que foram separados por uma infelicidade e uma memória que se reconstituirá com um ato mais que romântico. Vallentina se tornou a mais nova assassina da Sociedade Seaman, e agora comanda o mundo com o dinheiro e o respeito que impõe a...