Os fogos de artifício pela cidade estavam a todo vapor, havia dado meia noite, somente haviam alguns a rua, pois a maioria estavam com as famílias, celebrando o natal.
Vallentina estava à frente da empresa esperando seu carro, sempre em seus sonhos se lembrava de um lugar, não saberia se aquela casa ainda existia, mas a alguns meses pesquisou e achou uma casa simples no interior, fica a algumas quadras de uma creche.
"Preciso descobrir o que há naquela casa!" - a penúltima inquilina foi presa pelo FBI e sumiu logo depois, tentou ir atrás, mas disseram que ela nunca voltou, nem para buscar as muitas correspondências que haviam dentro da caixa de correio, e havia um dono, um homem que era dono de todo bairro onde aquela casa era localizada, e nunca o viram.
O que ela não sabia, era que seu pai logo que ela saiu do hospital com a mente apagada, ele tratou de comprar toda a vizinhança em nome de um laranja da casa onde ela viveu por alguns meses ao lado de Carlos. Então aquela parte da cidade ficou deserta, não havia uma alma vagando por lá. Até agora.
Vallentina tratou de acelerar seu carro até aquela parte deserta da cidade, estacionou na neve e desceu observando a rua sem barulho. Os postes mostravam pouca luz, a neve estava alta, mas a casa na qual ela sempre vira em seus sonhos, continuava a mesma.
"Preciso me lembrar!" - sua necessidade em lembrar dos nove anos começava a fazê-la ficar paranóica, queria saber o que há atrás de tantos segredos e tantos mistérios.
O portão baixo estava coberto por uma camada grossa de neve, ela tirou algumas partes até encontrar o fecho que conseguiu destravar para entrar, descobriu o caminho de pedras brancas que em sua mente estava perfeita, caminhou até a porta branca envelhecida pelos anos e respirou fundo.
Ao tocar a maçaneta sua mente destravou outra lembrança, essa foi diferente, ela estava atendendo Carlos a porta, e lembrou do modo como se conheceram.
-Teimoso! - falou em voz alta com um sorriso de lado. Seu coração estava tranquilo, nunca tinha se sentido tão bem ao se lembrar de algo.
-Você amava meu jeito, tem que admitir! - sua pele se arrepia ao ouvir a voz dele novamente.
Ela permanece parada frente a porta e sente sua presença logo atrás, não ousa se virar por não saber como encara-lo, essa última lembrança a fazia sentir o amor que os dois compartilhavam.
-Eu sabia que depois de hoje, você viria aqui... - ele por sua vez estava querendo abraçá-la, e fazer tudo que poderia com ela para suprir os anos que ficaram longe. -Olhe para mim, Vallentina! - como se fosse um comando ela se vira ainda agarrada a maçaneta da porta.
Carlos vestia um sobre tudo preto, o que lhe fazia parecer maior do que já é, seus olhos estavam um azul escuro intenso enquanto observava a mulher que ama a sua frente. Vallentina precisou estabilizar sua respiração para não mostrar o quanto ele mexia com sua mente e seu corpo, seu casaco de couro vermelho a fazia se sentir quente, mas sua temperatura estava subindo rápido demais.
Então ele resolve dar alguns passos fazendo-a ficar tensa pela aproximação inesperada, eleva sua mão tocando sua bochecha e por reflexo ela fecha os olhos para sentir seu toque. Ele a observava tão entregue, que não acreditou que aquilo seria verdade, finalmente a tinha em suas mãos.
-Quem é você? - a voz de Vallentina faz Carlos sorrir, foi doce ao se pronunciar já evidenciando o efeito que ele causa nela.
-Eu já te disse! Eu sou seu! - os olhos dela se abrem repentinamente, e em fração de segundos e sem aviso, a mão dela o puxa pelo colarinho fazendo seus lábios se tocarem.
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A Volta - Coleção Herdeiros
RomanceDois corações que foram separados por uma infelicidade e uma memória que se reconstituirá com um ato mais que romântico. Vallentina se tornou a mais nova assassina da Sociedade Seaman, e agora comanda o mundo com o dinheiro e o respeito que impõe a...