o u r s c a r s

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d r a c o
Agora, eu e Alex estamos pesquisando sobre a escola Twain, na sala de arquivos. Essa escola já tinha se envolvido num caso de "sumiço" de dinheiro, bem suspeito. Mas como o diretor é rico, com certeza deve ter comprado o arquivamento do processo.

- Meu Deus, - ele falou enquanto folheava uma pasta - quanto papel jogado fora. Dava pra fazer uma frota de aviões de papel com isso.

- Nem me fale. Mas eu realmente acho que essa escola Twain aí, tem alguma coisa estranha. É tipo intuição.

- Twain? - ele perguntou olhando para mim e mostrando uma pasta - Pelo que tá escrito nessa aqui, a escola teve um lucro normal, mas teve também uma queda significativa. - e então, uma ideia passou pela minha cabeça.

- E se o culpado fosse o diretor da escola? - sugeri - Como se ele estivesse desviando o dinheiro para o bolso dele... afinal, ele é rico.

- Ei, corrupção é no Brasil. - Alex brincou, mas voltei a ficar sério - Não acho que o diretor seria tão burro a esse ponto. O nome do cara é Mark Twain, né? Ou talvez... - ele pensou - não tenha sido exatamente o diretor...

- Mas sim, alguma outra pessoa de dentro da escola. Provavelmente algum comparsa dele. - considerei a suposição.

- Pois é... por isso que não pode ter sido ele. Mas ele pode ser considerado suspeito. Pelo menos, já temos alguma coisa. - assenti, ainda pensando. Pegamos a pasta com o processo e detalhes do caso para estudar melhor.

Finalmente, deu nosso horário e fui pra casa. Estava começando a anoitecer e eu estava andando pela rua, rumo a minha casa, e DO NADA começou a chover. Que maravilha. Foi ainda mais maravilhoso quando eu descobri que não estava com o meu guarda chuva. E ao procurar na minha mochila, ELA CAIU NO CHÃO E MOLHOU TUDO. INFERNO.

- Porcaria... - falei enquanto abaixava e pegava as coisas. Foi quando alguém se abaixou e me ajudou a recolher.

- Precisa de ajuda? - levantei os olhos para a voz conhecida e Granger estava ali, sorrindo, com um guarda chuva num braço e minhas coisas no outro.

- Merlin, obrigada. Você apareceu antes hora certa. - falei aliviado. Ela deu um sorriso.

- É, você tá encharcado...

- Jura? Nem percebi. Será que tá chovendo? - brinquei irônico. Ela deu risada.

- Nossa, eu ia dividir o guarda chuva, mas se é assim...

- Não, que isso, eu aceito sim.

- Olha, minha casa é aqui perto. Se você quiser uma toalha, eu te empresto. Só pra não ficar resfriado, sabe? - ela falou meio tímida. É, ela continua a mesma Granger por dentro.

- Eu não quero dar trabalho. Não precisa. - respondi. Seria legal ir a casa dela, pensando melhor. Mas pra pegar a toalha. Só a toalha. Nada mais. Ela deu de ombros, dizendo "você que sabe". - Na verdade, eu... é, eu aceito sim.

Seguimos pela rua, apertando o passo, muito próximos um ao outro por causa do espaço do guarda chuva. Confesso que gostei dessa proximidade. Chegamos num prédio, bem bonitinho, e entramos. Quando subimos os andares, entramos no apartamento dela. Era bem decorado, um pouco rústico, mas era legal.

h e r m i o n e
Malfoy ficou observando meu apartamento enquanto eu peguei uma toalha para ele. Eu ainda tô tentando entender porquê, exatamente, eu ofereci o guarda chuva e a toalha a ele. Acho que deve ser por causa do que já passamos juntos. É aquele ditado... meu passado me condena.

- Mora em apartamento também? - perguntei começando um assunto, enquanto ele passava a toalha nos cabelos molhados e bagunçados.

- É... mas o seu é mais bonito. - dei risada e saí para pegar uma blusa a ele. Eu já comprei blusas masculinas pra mim, sim. É que as vezes, as blusas femininas são meio sem graça, sabe? Peguei um moletom preto e entreguei a ele, que hesitou em pegar. Acho que ele pensou que era de alguém que esqueceu aqui. Quem me dera. Ele tirou o casaco e a camisa azul claro, e deixou seu peitoral bem definido a mostra. De repente ficou meio calor aqui, né? Joguei os cabelos pra trás e ele reparou que eu estava encarando e deu um sorriso discreto de canto. Apesar disso, pude reparar, no braço esquerdo dele, uma cicatriz, mas não falei nada. Já tinha uma ideia do que era.

- Obrigado pela blusa. - ela era meio larga porque, as vezes, a melhor coisa que tem é ficar andando pela casa de blusão e meias. Você não precisa se importar se está bonita ou não.

- Comprei pra usar em casa. É bem confortável. - ele fez uma careta.

- É sua? Mas é masculina? Não entendo você. - ele comentou com um sorriso. Da janela dava pra ver os raios lá fora. Mas de onde que começou a chover desse jeito? É o dilúvio agora?

- Que chuva hein? - comentei, indo para a cozinha, beber água. Ele ficou olhando para a janela. - Eu... eu reparei que no seu braço tem uma cicatriz... - comecei a falar, sem querer ser muito evasiva (já sendo). Ele se virou para mim e ficou me encarando.

- Sim, fui cortado com um canivete. Você sabe, ser policial não é fácil... - ele falou com um sorriso amarelo. Fiquei olhando pra ele e me aproximei.

- Malfoy... eu sei que isso não foi causado com um canivete. -ele voltou a olhar para a janela e observar os pingos de chuva. Um silêncio ficou ali por alguns instantes, até que eu tomei uma iniciativa. Levantei a manga da minha blusa, no braço esquerdo, e ele voltou o seu olhar para mim. Lá estavam eles, vários riscos que cicatrizaram, e que um dia, formaram a palavra mudblood, ou sangue-ruim. Eu fiquei observando ela, e ele fazia o mesmo.

- Existem certas coisas que a gente não pode apagar... mas que talvez vieram para nos ensinar algo. Só cabe a nós superar ou ignorar. - o silêncio voltou, e depois de alguns minutos, ele levantou a manga esquerda da blusa também. E lá, onde um dia, já estivera a marca negra, estava apenas uma cicatriz.

- Eu prefiro só esconder. - ele falou, encarando a marca.

- É por... é por isso que você não foi para o Ministério da Magia, não é? - perguntei, já com uma ideia de resposta. Ele suspirou.

- Depois de tudo o que eu fiz... como poderia? Eu apoiei Você-Sabe-Quem, quase matei Dumbledore, e... - antes de ele terminar, eu interrompi.

- Você não precisa ficar se culpando por erros do passado. Eles ficaram lá. E agora - falei olhando para ele - você pode ter a chance de consertar eles.

O silêncio voltou por alguns minutos e ficamos apenas olhando para a janela. O único barulho que tinha era das gotas que batíam no vidro. Ele voltou seu olhar para mim, e eu olhei bem fundo nos olhos acinzentados dele. Ainda eram os mesmos. Ao passar dos minutos, a chuva começou a diminuir.

- Bom, - ele disse se levantando - a chuva está mais fraca, melhor eu ir embora. Já dei trabalho de mais pra você.

- Não, que isso. Agora você está me devendo um favor. - e sorri vitoriosa para ele.

- É, você está certa. Mas, obrigado por tudo.

- Tudo? Foi só uma blusa. - dei de ombros com um sorriso de canto.

- E também, as palavras sobre o passado. É sempre bom pensar dessa forma. - ele pegou as coisas dele e foi para a porta, e eu acompanhei.

- Sempre que quiser. - falei com um sorriso amigável. Ele também sorriu em despedida e saiu.

Fiquei surpresa em ver que ele se arrependia de tudo. Surpresa não, na verdade, mas sim comovida. Enfim, acho melhor ir dormir, amanhã será outro dia, com mais problemas. Aff.

***
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n o s s a s  c i c a t r i z e s

all these years [dramione]Onde histórias criam vida. Descubra agora