01x01 - MANAUS, NÓS CHEGAMOS!

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 Eu conseguia ver o sorriso nos rostos das pessoas, a alegria em seus olhos, sentia os abraços apertados dos meus parentes, mas para mim aquilo era parecido como uma execução

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Eu conseguia ver o sorriso nos rostos das pessoas, a alegria em seus olhos, sentia os abraços apertados dos meus parentes, mas para mim aquilo era parecido como uma execução. Mais uma vez, a minha tia resolveu se mudar. E eu não podia fazer nada. A não ser acompanhá-la nessa roubada. Tudo bem, entendo, eu era um pobre órfão vivendo às custas dela, então, lógico que para sustentar a mim e meus irmãos, uma mudança de cenário era necessária.

Estávamos familiarizados com os aeroportos. O meu pai era militar, ou seja, viajar fazia parte da nossa rotina. Chegamos a morar dois anos em Manaus, entretanto, pouco me lembro, tinha apenas quatro anos. Na cidade, meu pai decidiu comprar uma casa para investir em aluguéis, além de ganhar dinheiro do Exército.

Você sabia que o Amazonas é longe? São quase 10 horas de viagem. Quem viaja 10 horas? Fiquei impaciente no aeroporto do Rio de Janeiro. O voo estava marcado para às 3h. Fiquei tão cansado por empacotar minhas coisas que o sono bateu. Pela reclamação, deve ter percebido que sou adolescente, né? Mas, sou um dos bonzinhos, aqueles que não dão trabalho, juro.

Tenho 16 anos. Sou gordinho, se considerar alguém com 100 quilos, gordinho. Sou branco e sem qualquer tipo de habilidade aparente. Tenho dois irmãos: a Giovanna (12 anos) e o Richard (9 anos). Eles são lindos e lembravam muito meus pais. Prometi que cuidaria deles, então, essa se tornou minha missão nos últimos cinco anos.

Já a responsabilidade da nossa guarda ficou com a irmã da minha mãe, Tia Olívia. Começamos com o pé esquerdo, pois não aceitei muito bem a morte dos meus pais e tive alguns surtos como, por exemplo, destruir todo o meu antigo quarto. Depois de acompanhamento psicológico e alguns remédios, pude começar a deixar o sentimento de perda de lado e viver à vida com mais normalidade.

A profissão da tia Olívia exigia muito dela, então, sou um jovem que faz coisas que outros da minha idade não sabem, como: lavar roupa, cozinhar, medicar crianças, limpar chão de vinílico e lidar com pré-adolescentes. Apesar de ganhar bem, toda a economia da titia vai para nossas escolas e contas da casa.

Bem, voltando ao aeroporto. Andamos até a sala de embarque, Richard tentou correr na minha frente e tropeçou. Gente, como ele não consegue ficar com sono? São 3h20 da manhã. A Giovanna estava com cara de poucos amigos, mas não é por causa do sono. Na escola, ela era um projeto de abelha rainha e precisou abandonar todo o glamour para uma cidade nova. Acho que não tem nenhum traço deles em mim e vice-versa, quer dizer, tirando o fato de sermos loiros.

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