01X18 - SOBREVIVENTES

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Pai e Mãe,

Engraçado como a vida da gente pode mudar em poucos segundos, uma má decisão nos faz trilhar um caminho inesperado. Lá estava eu, pronto para morrer. 

***

Nunca senti tanto medo na vida, mas precisei usar o resto de energia que me sobrava para espantar os cachorros

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Nunca senti tanto medo na vida, mas precisei usar o resto de energia que me sobrava para espantar os cachorros. Eles rosnavam e latiam na nossa direção. O Zedu já estava machucado demais, a minha única missão era protegê-lo. Levantei a barra de ferro e balancei para afugentar os animais.

De repente, os dois cachorros sentam e um homem vestindo uma roupa do corpo de bombeiros aparece. Atrás dele, correndo desesperada, está tia Olivia. Ela passa pelos cachorros e me dá um forte abraço. Eu não consigo reagir, não sei se é uma miragem ou a realidade. 

Os pais do Zedu vão até ele, porém, ele estava desmaiado. Eu, realmente, não consegui falar nada, apenas chorava. Os paramédicos que vieram com a equipe de resgate deram mais atenção ao Zedu, afinal, seu estado continuava piorando. 

— Meu amor! —  titia disse me beijando. —  Fiquei tão preocupada.

—  Tia, desculpa, mas, o Richard continua perdido. Não consegui achar ele. —  expliquei, em prantos, enquanto recebia o abraço da tia Olivia.

—  Yuri, o Richard está bem. Ele está em casa com o Carlos e a Giovanna. —  tia Olivia me beijou na testa.

—  Eu... eu... fiquei tão preocupado. 

— A culpa não foi sua. Vou te levar para casa e tudo vai ficar bem.

O vento começou a ficar mais forte, olhei para cima e um grande helicóptero desceu. O paramédico avisou que o Zedu seria o primeiro a ser levado para o hospital. Eu concordei, pois, o estado dele estava pior que o meu. Um dos bombeiros me examinou e entregou um pacote de suplementos para eu tomar.

Ainda desacordado, o Zedu foi colocado em cima de uma maca e os médicos aplicaram alguma substância em sua perna ferida. Tudo foi muito rápido, em questão de cinco minutos, o helicóptero já levantava voo em direção ao hospital. Ficamos, na clareira, a tia Olivia, alguns bombeiros e eu.

Depois de alguns minutos, outro helicóptero apareceu. De inicio, fiquei com medo, mas a titia me tranquilizou. Ela explicou sobre o meu medo de avião e o bombeiro que me atendeu entregou uma pílula, com certeza, algum tipo de calmante. Eles recolheram o equipamento que usaram no resgate, enquanto, eu olhava para a floresta.

Nunca imaginei ficar perdido dentro da floresta amazônica, apesar da área estar localizada dentro da cidade, a mata quase nos matou. Lembrei dos lugares que serviram de abrigado para nós, lágrimas escorreram no meu rosto, um misto de alivio e saudade. Afinal, o Zedu e eu, nos declaramos por causa dessa experiência traumatizante.

A equipe nos deu permissão para entrar no helicóptero. Era minha primeira vez, mesmo nervoso, aproveitei o passeio, talvez fosse o efeito do remédio. Caramba, não conseguia nem ouvir meus  pensamentos, quando o piloto ligou os motores. A tia Olivia tentava dizer alguma coisa, mas não entendia. Então, um dos bombeiros pediu para que colocássemos uns fones de ouvido, pois, facilitava a comunicação. 

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